Terça-feira, 11 de Março de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 10 de março de 2025
No momento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva promove uma reforma ministerial a conta-gotas, o ministro do Desenvolvimento Social (MDS), Wellington Dias, disse que, pelo que conhece de seu chefe, seu ministério “não entra em negociações políticas”.
O nome de Dias tem aparecido entre os cotados a perder o cargo desde 2024. A pasta já foi cobiçada por legendas como o PSD. E chegou a ser oferecida a partidos da base por interlocutores do presidente, ainda que muitas fontes do governo duvidem que Lula esteja disposto a retirar o ministério responsável pelo Bolsa Família do PT e cedê-lo para o Centrão.
Mais recentemente, houve rumores de que a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) gostaria de ocupar o MDS. Mas, com a ida dela para a Secretaria de Relações Institucionais (SRI), as pressões sobre o ministro arrefeceram. “O presidente Lula tem autorização do povo para a mudança que ele quiser”, diz o ministro. “Mas, conhecendo como eu o conheço, o MDS não entra em negociações políticas, é o coração do seu governo. Por isto sei o peso da minha responsabilidade.”
O ministro afirma que não chamaria as atuais mudanças na Esplanada de “reforma”, mas de “mudanças pontuais vinculadas à estratégia de melhor resultado com vistas a 2026”.
“A primeira montagem do governo era para garantir governabilidade, aprovação de importantes mudanças, como aconteceu em 2023 e 2024: a reforma tributária, vários projetos sociais”, disse. “Agora, além da governabilidade, também é levada em conta a organização do time para eleições de 2026.”
Além de ter sido cogitado no mapa de trocas no primeiro escalão do governo, Dias tem sido pressionado por problemas relacionados à gestão da pasta. Por um lado, enfrenta insatisfação dentro do próprio PT por causa da ênfase no combate a irregularidades no Bolsa Família. Em outra frente, uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) identificou fraudes na concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC) que somam R$ 5 bilhões ao ano.
Debandada
A manutenção de Dias no cargo — que reforça a presença do PT na Esplanada — ocorre enquanto alas do Centrão se dividem entre a busca por mais espaço no governo e um debate sobre o desembarque da base aliada. Ao comentar a movimentação do bloco político, Dias afirma que “muitas pessoas estão acostumadas a tirar proveito de participar de um governo e depois cuspir no prato que comeram”.
“A gente já contou com vários líderes destes partidos na eleição do presidente Lula. Eu estou bastante animado que em 2026 nós vamos ter em cada Estado uma quantidade ainda maior desses líderes”, disse o ministro. “Tem muita gente que se acostumou a tirar proveito de participar de um governo e depois cuspir no prato em que comeu, como se diz no popular. Mas tem muita gente séria.”
Até agora, o maior chamamento à debandada partiu do senador Ciro Nogueira, presidente do PP, rival político de Dias no Piauí, que foi aliado de Lula até se tornar ministro da Casa Civil de Bolsonaro, em julho de 2021. Na semana passada, Nogueira disse que sempre foi contra a entrada de André Fufuca, deputado pelo PP, no Ministério do Esporte e que seu partido nunca foi base de Lula.
“Fico imaginando a situação do meu colega ministro hoje, como se tivesse tomado uma decisão sem dialogar com o seu partido”, ironizou Dias.
Com a popularidade de Lula desabando nas pesquisas, Dias mostra-se confiante em uma recuperação do presidente: “O PT é o único partido ao qual me filiei a minha vida inteira. Você tem ideia do que já passamos?”.
Para ele, a próxima eleição não deverá ser mais difícil do que a de dois anos atrás, quando Lula derrotou Bolsonaro após sair da prisão e sem a máquina do governo.
“Eleição mais difícil que 2022? Olho para frente, acho muito difícil a gente ter”, afirmou, elencando episódios como as blitze da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), tentaram impedir o deslocamento de eleitores de Lula no Nordeste.
O ministro também comentou o atual momento conturbado do PT, que elegeu na última sexta-feira (7) o senador Humberto Costa (PE) para um mandato-tampão no lugar de Gleisi Hoffmann à frente da sigla. Costa e o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (CE), tentam se cacifar para comandar o partido a partir das eleições deste ano. (Valor Econômico)
No Ar: Pampa Na Tarde