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Por Redação Rádio Pampa | 29 de março de 2022
Morreu, na manhã desta terça-feira (29), aos 76 anos, o artista gráfico Elifas Andreato. A informação foi divulgada pelo seu irmão, o ator Elias Andreato, por meio do Instagram. O ilustrador estava internado, desde a última semana, devido a um infarto. “Meu irmão amado, obrigado por sua arte”, escreveu.
Elifas Andreato revolucionou o conceito de capa de discos no Brasil. O artista, que nasceu em Rolândia, no interior do Paraná, em 1946, criou mais de 460 capas para grandes nomes da MPB, como Caetano Veloso, Noel Rosa, Tim Maia, Adoniran Barbosa, Carmen Miranda, Pixinguinha, Elis Regina, Chico Buarque, Paulinho da Viola, entre outros.
“Meu irmão mais velho, desde pequenino, rabiscava seus sonhos e ia mudando nosso destino. Tudo o que ele tocava com as suas mãos virava coisa colorida, até a dor que ele sentia era motivo de tinta que sorria, afirma o ator Elias Andreato, em texto publicado nas redes sociais.
A primeira capa de disco foi para Paulinho da Viola, em 1971. Um ano antes, ele já havia deixado sua marca na coleção “História da Música Popular Brasileira”, da Editora Abril. Mas foi em 1973 com “Nervos de aço”, também de Paulinho da Viola, que Andreato revolucionou para sempre a forma de criar capas e encartes de discos.
“Traduzi visualmente o conteúdo e tive a coragem de fazer o que tinha que ser feito. Aquele espaço, da capa do disco, me pertence. Tenho direito sobre ela e posso pensar e manifestar a minha opinião ali. Claro que a capa nunca será maior que a obra”, ressaltou Elifas, em entrevista ao jornal O Globo, em 2007.
Antes de se consagrar como capista, Elifas vivia com a família num cortiço e fazia pequenas esculturas com sucatas que encontrava no lixo. Na adolescência, trabalhou como operário numa fábrica de fósforos, em São Paulo. Nesse período, começou a produzir caricaturas e a pintar murais, algo que fazia como hobby, até conseguir um emprego, como estagiário, numa agência de publicidade.
Foi Elifas quem criou a marcante capa de “Ópera do Malandro”, de Chico Buarque, lançado em 1979. O profissional de vendas da gravadora reclamou ao ver o disco. Disse que não ia vender, pois o nome do compositor e cantor estava pequeno e não havia foto dele na capa. Chico respondeu sem titubear: “Quem vende disco é você. Eu sei fazer discos. O Elifas sabe fazer capas”.
“Não há nada na música brasileira que me estimule hoje. A não ser artistas de altíssima qualidade. Fora isto, tem sempre a história de ter retrato na capa”, contou Elifas, em entrevista. “A caixinha do CD é uma camisa-de-força. A música brasileira também mudou muito. Há vigilância pesada das gravadoras para redução de custos e sempre eles querem uma foto. Não sou fotógrafo e nunca troquei meu trabalho por dinheiro”, finalizou ele.
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