Sábado, 23 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 21 de setembro de 2022
O namorado da jovem de Votorantim (SP) que morreu após usar um “kit aborto” aos sete meses de gravidez está sendo procurado pela Justiça. Kevin Willians Malucho teve a prisão preventiva decretada, e a defesa dele tenta um habeas corpus.
Ana Carolina Pereira Pinto, de 20 anos, foi encontrada morta pelos pais na casa onde morava, na Vila Dominguinho, no dia 26 de outubro de 2021. Na época, Kevin chegou a ser preso em flagrante por crime contra a vida, mas foi liberado na audiência de custódia.
Segundo a investigação, dois dias antes, a jovem havia usado uma medicação para abortar em uma pousada no bairro Campolim, em Sorocaba, junto com o namorado. Câmeras de segurança flagraram os dois no local.
Ao portal de notícias G1, o advogado Fábio Gabriel Martins contou que Kevin foi investigado em liberdade durante o andamento do inquérito policial. No entanto, com a conclusão dos trabalhos policiais, o Ministério Público ofereceu denúncia contra o jovem por aborto e feminicídio, e ele teve a prisão preventiva decretada pela Justiça no início de agosto.
“Ele cumpriu todas as medidas cautelares enquanto o inquérito policial estava em andamento. Neste período, eu me apresentei com o Kevin na delegacia, colaboramos com as investigações, deixamos celulares, notebooks e chaves do armário na empresa onde os dois trabalhavam. O Kevin, desde o flagrante, ele é um réu confesso na prática do aborto”, relata o advogado.
“Com a conclusão do inquérito, a família contratou uma assistente de acusação para acompanhar o trabalho do Ministério Público. Quando o inquérito foi concluído, o MP apresentou denúncia pelo aborto e pelo feminicídio. Houve uma inconsistência muito grande na denúncia porque uma coisa é um aborto qualificado, mas a intenção no aborto é eliminar a vida da criança e o feminicídio é totalmente diferente. É um crime cometido contra a mulher, por razões do sexo feminino, uma questão que envolve violência doméstica, e não é o caso”, continua a defesa.
Com a prisão decretada, a defesa de Kevin entrou com um pedido de habeas corpus. O pedido foi negado em primeira instância, mas segundo o advogado, ainda não houve decisão conclusiva, e o habeas corpus está em análise.
Apesar do pedido de prisão, a defesa explicou que Kevin não foi detido e “resolveu esperar a situação do habeas corpus para depois se apresentar à delegacia”. Para a Justiça, o rapaz é considerado foragido.
“Ele preenche todos os requisitos para responder em liberdade, a prisão seria ilegal. Ele não põe em risco a segurança social. Se na audiência de custódia, o juiz entendeu que ele preenche os requisitos para responder em liberdade, o que mudou agora?”, questiona o advogado.
Conforme a opinião da defesa, a contratação da assistente de acusação influenciou na decisão judicial. O advogado disse que, apesar de o processo estar em segredo de Justiça, a profissional tem divulgado informações sobre o réu nas redes sociais.
“Entramos com uma medida contra o trabalho da advogada porque ela quebrou regras de ética profissional sem considerar a presunção da inocência e coloca em questão a segurança do Kevin e da família dele.”
Segundo o G1, os pais do réu pediram na Justiça para que as postagens sobre o processo fossem excluídas das redes sociais, mas o pedido foi indeferido.
Em depoimento à polícia, Kevin contou que mantinha um relacionamento com Ana Carolina havia cerca de dois anos. Segundo o relato, em setembro de 2021, a jovem começou a ter sintomas de gravidez e fez um teste de farmácia, que confirmou a gestação.
Na época, Ana marcou uma ultrassonografia. Foi constatada a gravidez de 27 semanas de um menino. Durante uma conversa entre os dois, ela citou receio de prosseguir com a gestação e como contaria à família sobre o filho.
Segundo o registro, o casal não estava brigado e chegou ao consenso de não seguir com a gestação, por conta da idade e “pouca experiência”.
Segundo o namorado afirmou, a vítima fez pesquisas sobre métodos abortivos. O rapaz relatou que chegou a falar sobre o risco, mas que ambos concordaram com a compra da substância abortiva pela internet, que foi realizada pela vítima, no valor de R$ 1,4 mil, via Pix.
A encomenda foi entregue na casa de Kevin. Os dois, então, foram até uma pousada no bairro Campolim, na zona sul de Sorocaba, para aplicar o medicamento, no dia 24 de outubro.
O investigado detalhou que a vítima pegou as injeções e disse que tinha medo de aplicar. Em seguida, pediu ajuda ao namorado. Ainda de acordo com o relato, foram quatro aplicações na barriga. A “técnica” de como injetar o medicamento, segundo o rapaz, foi explicada pela pessoa que vendeu o produto à vítima.
No dia seguinte, 25 de outubro, Kevin e Ana Carolina foram trabalhar e, perto do fim do turno, a jovem contou que sentia dores de cabeça e cólicas. Ainda segundo o registro, os sintomas pioraram com o passar das horas e surgiram dores no estômago e vômitos.
Em determinando momento, Ana contou a Kevin: “Minha barriga parece que vai explodir”.
Segundo o relato do namorado à polícia, a vítima o questionou sobre pedir ajuda aos seus pais, e ele disse para manter a calma por achar que a situação não era grave. Assim, a orientou para não contar sobre o caso.
Na manhã do dia 26, a família de Ana estranhou quando o alarme da jovem começou a tocar e ela não o desligou. Ela foi encontrada morta no quarto, e o bebê também não resistiu e morreu.
À polícia, o pai da jovem disse que não sabia da gravidez e imaginou que a vítima tinha apenas engordado. As informações são do portal de notícias G1.
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