Sexta-feira, 22 de Novembro de 2024

Home Geral Não há evidências científicas de que o leite seja inflamatório. Beber leite reduz o risco de osteopenia, osteoporose e doenças crônicas

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“O leite – e seus derivados – é a melhor fonte de cálcio para os ossos. Nós que cuidamos de pacientes com osteoporose nos preocupamos demais com essa ‘moda’ de eliminar o leite da dieta sem indicação médica para isso. Os prejuízos para a massa óssea são imensos” destaca o médico endocrinologista e presidente da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso), Sergio Maeda.

Reconhecido por seu alto valor nutricional, o leite é uma fonte importante de nutrientes, fundamental para uma dieta balanceada e o crescimento saudável. A disseminação de informações sem respaldo científico, especialmente nas redes sociais, tem gerado incertezas entre consumidores e profissionais de saúde, ocasionando essa mudança comportamental salientada pelo médico.

Por conta dos aspectos nutricionais envolvidos no consumo do leite de vaca, associações ligadas a nutrologia e nutrição publicaram recente consenso sobre o consumo de leite pelos humanos com base em evidências científicas.

A seguir destacamos os principais trechos deste consenso, que se refere ao consumo de leite para crianças a partir de um ano de idade (na impossibilidade de amamentação), adolescentes, adultos e idosos.

1) Consumo de leite de vaca

O leite de vaca é adequado para o consumo humano devido à capacidade evolutiva e adaptativa dos humanos.
Fonte relevante de proteínas, vitaminas e, principalmente, a principal fonte alimentar de cálcio.

2) Benefícios do consumo de leite nas diferentes fases da vida

Alta densidade nutricional, fornecimento de proteínas, cálcio e componentes funcionais.

Auxilia no crescimento e estruturação óssea na infância e adolescência.

Reduz o risco de osteopenia, osteoporose, doenças crônicas (diabetes, obesidade), doenças cardiovasculares, hipertensão.

Previne a sarcopenia (alteração da musculatura esquelética caracterizada pela redução da força e da massa muscular secundária ao envelhecimento), na senescência.

“Gestantes e lactantes também precisam de aporte de cálcio, preferencialmente por meio da alimentação, pois sem isso há importante prejuízo para o osso materno, inclusive, já atendi pacientes com fratura vertebral em razão da exclusão do leite na dieta da mãe”, contextualiza Maeda.

3) Relação entre leite de vaca e inflamação

Não há evidências científicas de que o leite seja inflamatório.

Estudos indicam que a ingestão de laticínios pode melhorar biomarcadores inflamatórios.

O consumo de leite só está associado a inflamações em pessoas com Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV).

4) Leite de vaca e intolerância à lactose

O consumo de leite de vaca não aumenta o risco de desenvolver intolerância à lactose.

Maior consumo de leite pode reduzir o risco de intolerância à lactose.

Intolerância autopercebida não confirmada clinicamente pode levar a perdas nutricionais.

Pacientes diagnosticados com intolerância geralmente toleram até 12 g de lactose sem sintomas.

5) Tipos de leite de vaca disponíveis no mercado

Diferenciados pelo teor de gordura: integral, semidesnatado e desnatado.

Adição/exclusão de nutrientes específicos ou tratamento térmico (pasteurizado, UHT).

Indicação para cada tipo de leite deve ser avaliada individualmente.

6) Segurança do leite de vaca UHT

Processo altamente seguro e validado desde o século XX.

Tratamento térmico seguido de resfriamento e envase em embalagens assépticas garante maior vida útil e segurança microbiológica.

7) Orientações para o consumo de leite de vaca

Importante em todas as fases da vida: infância, adolescência, gestação, adultos e idosos.

Recomendado por diretrizes internacionais e guias alimentares.

Inclusão na rotina alimentar dos brasileiros deve ser incentivada, salvo contraindicações.

“Vale lembrar que as orientações alimentares devem ser personalizadas, levando em conta as necessidades nutricionais e condições de saúde individuais. Mas o mais importante é acabarmos com essas informações sem respaldo científico e que acabam virando moda e prejudicando a saúde dos brasileiros”, finaliza o profissional.

Sobre a Abrasso

A Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso), representa a união das três principais sociedades médicas dedicadas ao estudo da osteoporose e do osteometabolismo no Brasil: SBDENS (Sociedade Brasileira de Densitometria Clínica), SOBEMOM (Sociedade Brasileira para Estudo do Metabolismo Ósseo e Mineral) e a SOBRAO (Sociedade Brasileira de Osteoporose).

Criada em 2011, conta hoje com cerca de 1.500 associados de diversas especialidades médicas, além de outros profissionais da área da Saúde que, juntos, têm a missão de difundir o conhecimento científico, estimular o ensino, a pesquisa e realizar ações preventivas da saúde junto ao público em geral.

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