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Por Redação Rádio Pampa | 28 de julho de 2022
Um novo exame de sangue desenvolvido por pesquisadores britânicos pode atuar em dois problemas relacionados ao diagnóstico do câncer de mama: a identificação tardia e o incômodo da mamografia de rotina. Chamado de teste Trucheck, a técnica apresentou 92% de eficácia em detectar a doença, cerca de 5% a mais que o exame tradicional de imagem. Além disso, foi capaz de reconhecer o tumor mesmo em estágios iniciais da doença, com um acerto de 70% na fase mais precoce – o estágio 0. Os resultados são parte de um estudo publicado na revista científica Cancers.
O trabalho envolveu amostras de sangue de dois grupos, um de 9.632 mulheres sem diagnóstico de câncer de mama e outras 548 com a doença. No geral, o teste identificou o tumor de forma correta em 92% dos casos, mas a eficácia foi de 100% em pacientes com estágio 3 e 4, os mais avançados do quadro. Entre os com estágio 2 e 1, o percentual também foi alto, de 96% e 89%, respectivamente. E, no chamado estágio 0, conseguiu identificar o câncer em 70% dos casos.
“Em linhas gerais, os exames de sangue são exames não invasivos ou muito pouco invasivos. Então, qualquer novo método que esteja sendo desenvolvido é muito bem-vindo”, afirma o médico Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed).
Além da alta eficácia, os pesquisadores citam que o novo teste registrou um número desprezível de apenas dois falso positivos, quando o resultado aponta a presença do câncer de forma equivocada. Em contrapartida, a mamografia tem uma taxa de aproximadamente 10% da falha.
A patologista do Grupo Fleury Mônica Stiepcich, doutora em Oncologia, considera que eventualmente, caso os exames se tornem mais acessíveis e comprovem uma eficácia contra todos os tipos de cânceres de mama, eles podem substituir em parte as mamografias de rastreamento, aquelas indicadas pelo Ministério da Saúde para mulheres a partir de 50 anos, a cada dois anos.
“Caso esse teste se mostre de fato eficaz em detectar todos os tipos, eu poderia, por exemplo, dizer a mulheres que, se o exame deu negativo, que não precisam realizar a mamografia naquele ano. Poderia também aumentar o espaçamento dos exames de imagem”, diz a patologista.
O exame funciona a partir da coleta de 5 ml de sangue e a procura de células tumorais circulantes (CTC) na amostra. No entanto, Mônica explica que o método, embora se mostre eficiente, não consegue mostrar onde o tumor está localizado, e por isso não pode substituir por completo as mamografias.
“Essas técnicas são muito sensíveis e conseguem identificar moléculas liberadas pelo câncer no sangue. O problema é que esses exames não apontam onde está localizado exatamente o tumor, então eles têm sido aplicados mais para pacientes que já tiveram a doença e já se recuperaram a fim de monitorar se o câncer reapareceu”, explica a especialista.
Para os autores do estudo, a nova técnica é útil para as mulheres que não aderem às recomendações atuais das autoridades de saúde para realizar o exame de imagem a cada dois anos, mas também traz benefícios para as mais jovens.
No Ar: Pampa Na Madrugada