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Por Redação Rádio Pampa | 26 de julho de 2022
Dois novos estudos publicados na revista científica Science indicam, novamente, que o mercado de Wuhan, na China, a partir de atividades associadas ao comércio de animais selvagens, foi o epicentro do aparecimento do SARS-CoV-2 (novo coronavírus). As investigações, lideradas por Michael Worobey e Jonathan Pekar, usam abordagens complementares envolvendo análises espaciais e ambientais, além de estudos moleculares para fornecer evidências de que o mercado chinês de Huanan, em Wuhan, foi o epicentro inicial da pandemia de covid.
Os pesquisadores concluem que é muito provável que o SARS-CoV-2 estivesse presente em mamíferos vivos vendidos neste mercado no final de 2019. Eles sugerem ainda que a diversidade genômica do SARS-CoV-2 antes de fevereiro de 2020 compreendia, provavelmente, apenas duas linhagens virais distintas, designados A e B. Essas linhagens foram o resultado de, pelo menos, dois eventos separados de transmissão interespécies para humanos.
Para testar a hipótese de que o mercado era o epicentro da pandemia, Worobey e sua equipe da Universidade do Arizona extraíram dados de várias fontes. Primeiro, usaram ferramentas de mapeamento para estimar a localização em longitude e latitude de mais de 150 dos primeiros casos relatados do vírus em dezembro de 2019, incluindo aqueles que não foram relatados como diretamente ligados ao mercado. A maior densidade desses casos centrou-se no mercado de Huanan, dizem os pesquisadores.
Ao mapear casos de janeiro e fevereiro de 2020 a partir de dados do Weibo, um aplicativo de mídia social usado para pessoas com covid buscarem ajuda médica, os pesquisadores identificaram casos em outras partes do centro de Wuhan, que irradiavam do mercado à medida que a pandemia avançava.
Em análises adicionais, os cientistas relatam que o mercado de Huanan foi palco para a venda de vários possíveis hospedeiros do vírus até, pelo menos, novembro de 2019. Usando e expandindo um conjunto de dados em amostras de superfície do mercado mencionado, eles identificaram cinco barracas que, provavelmente, vendiam mamíferos vivos ou recém-abatidos; de acordo com as análises, a proximidade com os fornecedores desses mamíferos vivos foi preditiva de casos de vírus humanos.
Por sua vez, para entender melhor as circunstâncias que levaram à origem da pandemia, Pekar e seu grupo da Universidade da Califórnia, em San Diego, analisaram a diversidade genômica do SARS-CoV-2 no início da pandemia.
Embora a diversidade do coronavírus tenha aumentado à medida que a pandemia se espalhou da China para outros países, duas linhagens de SARS-CoV-2 – designadas A e B – marcaram o início da pandemia em Wuhan. A hipótese é de que as duas linhagens tenham surgido separadamente.
Para testá-lo, a equipe analisou dados genômicos e epidemiológicos dos primeiros momentos da pandemia com modelos e simulações. A conclusão a que chegaram é que a primeira transmissão zoonótica, provavelmente, envolveu vírus da linhagem B por volta de 18 de novembro de 2019 (nunca antes do final de outubro), enquanto a introdução separada da linhagem A ocorreu dias e semanas após esse evento. Tal como acontece com outros coronavírus, o surgimento do SARS-CoV-2 foi, provavelmente, o resultado de vários eventos zoonóticos.
Os resultados do estudo de Worobey também são consistentes com essa ideia de uma origem separada e de aparecimento posterior da linhagem A no mercado de Huanan no final de novembro de 2019. Essas descobertas indicam que é improvável que o SARS-CoV-2 tenha circulado amplamente em humanos antes de novembro de 2019, e definem a janela estreita entre o momento que o SARS-CoV-2 saltou pela primeira vez para humanos, e quando os primeiros casos de covid foram relatados.
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