Quarta-feira, 27 de Novembro de 2024

Home Brasil Número de casos de monkeypox, a varíola dos macacos, é maior do que os dados oficiais, apontam infectologistas

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O número de casos de monkeypox – nome que os especialistas sugerem para se referir à varíola dos macacos para evitar abates desnecessários de macacos – provavelmente já está bem superior ao que apontam os dados do Ministério da Saúde no Brasil.

Para a infectologista Rosana Richtmann, o total de 592 casos confirmados até o último dia 20 em todo o País é apenas a “ponta do Iceberg”). “Nosso pronto-socorro tem bastante pacientes aguardando para a coleta de material. A sensação é que estamos vendo apenas uma parte da população infectada”, disse Rosana, alertando que a perspectiva é que as contaminações comecem a ser cada vez mais diagnosticadas fora do grupo de homens homossexuais, que inicialmente estiveram mais expostos.

“Precisamos ser mais claros na nossa comunicação tanto para a população quanto para os médicos. Um profissional no interior hoje, por exemplo, precisa estar informado sobre o que precisa coletar, como vai confirmar o diagnóstico e como reportar. Esse fluxo preciso ser melhorado e espero que o governo atue nisso rapidamente”.

Quando os primeiros casos foram confirmados no Brasil, o Ministério da Saúde criou uma “sala de situação” em que laboratórios e institutos ajudaram a identificar casos e direcionar ações de vigilância e a investigação epidemiológica no País. No entanto, a sala foi descontinuada após 50 dias de trabalho. O ministério confirmação a descontinuação, mas não explicou o motivo e nem informou qual iniciativa está em andamento para fazer o acompanhamento adequado e a coordenação do combate à doença.

A epidemiologista da Universidade Federal do Espírito Santo Ethel Maciel informa que o Ministério criou um comitê permanente que está sendo assessorado por infectologistas, inclusive ela, para acompanhar a evolução da doença no Brasil e propor ações de combate à doença. Contudo, ele pede que as recomendações sejam colocadas em prática com mais agilidade pelo governo.

“A situação é preocupante. Na semana passada, tínhamos 350 casos confirmados e agora já passa de 400. A transmissão está acontecendo de forma acelerada e exponencial”, diz Ethel. “Uma série de ações precisa ser tomada imediatamente, principalmente em relação à comunicação.” Para ela, uma campanha de larga escala precisa feita tanto para o grupo de homens que fazem sexo com outros homens quanto para o restante da população. “Já temos casos inclusive entre crianças e adolescentes. A luz que estava amarela, já ficou vermelha.”

As especialistas destacam que, embora a doença não cause número elevado de mortes, ela pode ser perigosa para mulheres grávidas, pessoas que passaram por transplante e imunossuprimidos, que são aqueles com sistema imunológico menos eficiente, como idosos, por exemplo.

“A situação se torna preocupante pela progressão do número de casos. A transmissão se dá principalmente pelas lesões que as doenças causam no corpo, mas roupas também podem ser uma forma de contágio. O isolamento dos contaminados e as precauções precisam ser exercidas porque o risco de contágio por contato próximo, não necessariamente sexual, é grande”, explica o virologista Marcelo Daher, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

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