Domingo, 24 de Novembro de 2024

Home Eleições 22 Número de deputadas eleitas cresce, mas ainda é pequeno

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O número de mulheres eleitas para ocupar cadeiras na Câmara dos Deputados cresceu 18% nas eleições de domingo (2), em que foi definida a composição dos 513 deputados federais para os próximos quatro anos. Apesar do aumento de 77 para 91 parlamentares mulheres, o maior número da História, elas ainda representam 17,7% do parlamento federal, segundo levantamento feito pelo +Representatividade, em parceria com o Instituto Update.

O dado não leva em conta o Estado do Amazonas, que no início da noite dessa segunda (3) ainda não havia totalizado a votação de todas as urnas. Mas projeções indicam que a unidade da federação não deve eleger mulheres para a Câmara. Outros dois Estados não elegeram mulheres: Tocantins e Paraíba.

O crescimento da representatividade feminina na Câmara dos Deputados não acompanhou, proporcionalmente, a participação das mulheres entre as candidaturas a deputado federal – neste ano, elas foram 34,9% dos postulantes à Câmara, com 3.718 elegíveis. Por outro lado, foram eleitas duas deputadas federais trans – Erika Hilton (PSOL-SP), a vereadora mais votada para a Câmara Municipal de São Paulo, em 2020; e Duda Salabert (PDT-MG), que também foi a vereadora eleita com o maior número de votos em sua cidade, Belo Horizonte (MG).

Entre os Estados que tiveram os maiores índices de representatividade feminina na Casa legislativa, ante o total de cadeiras a serem preenchidas, estão o Acre e o Amapá, que elegeram 3 mulheres entre 8 vagas (37,5%) cada, Goiás, em que 6 dos 17 parlamentares eleitos são mulheres (35,3%), Santa Catarina, em que mulheres serão 5 entre os 16 eleitos (31,3%), e o Pará, em que representarão 5 das 17 cadeiras disponíveis (29,4%).

Polarização nacional

A polarização entre Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro também chegou à bancada feminina. O PT conquistou a eleição de 18 mulheres, sendo a sigla com maior número de eleitas. Em seguida, o PL obteve 17 cadeiras. Partidos de esquerda conseguiram eleger 34 deputadas, enquanto as siglas coligadas com Bolsonaro (PL, PP e Republicanos) obtiveram 26 cadeiras na bancada feminina. As demais vagas foram preenchidas por partidos mais alinhados ao centro.

Novata na Câmara, a deputada federal Dandara, de 28 anos, foi eleita para representar Minas Gerais no legislativo com 86.034 votos. A parlamentar afirma que pretende tocar uma agenda focada na ampliação de direitos com revisão de reformas que, segundo ela, prejudicam a população, como a reforma trabalhista. A deputada afirma que sabe que não terá tarefa fácil.

“Sabemos que toda vez que há um acirramento dos ânimos, polarização e crise o nosso corpo é um alvo. Eu enquanto mulher negra, pobre, de periferia sei muito bem o que é isso. Sei que vamos enfrentar muita violência política, machismo e ameaça, porque esse é o método da extrema direita”, afirma a deputada federal Dandara (PT-MG). “Sou a primeira mulher negra deputada federal da história do PT de Minas Gerais. Isso significa muito, mas de fato queremos avançar muito mais nessa representação e para isso vamos ter que investir nas lideranças mulheres. Lideranças não surgem do nada, precisam ser fortalecidas, construídas.”

Mulher mais bem votada para a Câmara, a bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) foi eleita com 946.244 votos. A deputada afirma sua prioridade é garantir apoio ao governo no Congresso a partir de sua atuação nas comissões e que, neste ano, deve focar sua atuação na área da educação. A deputada pretende reapresentar o projeto de lei Escola sem Partido, bandeira dos conservadores para combater o que chamam de “doutrinação” nas escolas, que foi arquivado em 2018.

“Não acho que a gente tem que incentivar a participação da mulher na política, mas do ser humano. Não só para se candidatar, mas para participar, opinar”, diz Zambelli. “Minha agenda sempre foi focada para reduzir impunidade e combater o crime e, para isso, a gente precisa de leis mais rígidas e educação de verdade, menos ideologia e mais matéria como Português e Matemática. Devo atuar na Comissão de Educação para passar o Escola sem Partido. Vou apresentar de novo esse projeto e com a formação desse Congresso a gente consegue aprovar com maior facilidade.”

Senado

Na contramão do avanço na Câmara dos Deputados, o número de cadeiras ocupadas por mulheres no Senado cai de 11 para 10, ante a última eleição.

Neste ano, em que foram eleitos 27 senadores, um por unidade da federação, apenas 4 são mulheres — Tereza Cristina (PP), por Mato Grosso do Sul; Damares Alves (Republicanos), pelo Distrito Federal; Teresa Leitão (PT), por Pernambuco, a primeira mulher eleita para ocupar o cargo no Estado; e Professora Dorinha (União), por Tocantins.

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