Quinta-feira, 28 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 10 de abril de 2023
Quando o assunto é pesadelo, ficar preso em uma pequena caixa debaixo d’água provavelmente está no topo da lista de muita gente. Mas há um professor norte-americano fazendo isso de propósito. Joe Dituri, ex-mergulhador da Marinha americana e especialista em engenharia biomédica, está morando desde 1º de março em um espaço de 55 m², a 10 metros de profundidade, no arquipélago de Flórida Keys, nos Estados Unidos.
O plano dele é permanecer ali por 100 dias. Se conseguir, vai quebrar o recorde de mais tempo morando embaixo d’água.
Dituri está realizando pesquisas sobre os efeitos da pressão hiperbárica – quando a pressão do ar é maior do que seria ao nível do mar – no corpo humano. Ele espera usar o tempo submerso para analisar o impacto de viver neste ambiente de alta pressão sobre a sua saúde.
É interessante observar que a empreitada de Dituri é muito diferente de viver em um submarino. Os submarinos são vedados quando submergem e mantidos sob a pressão a nível do mar. Isso significa que não há uma diferença significativa de pressão, mesmo quando o submarino se encontra a centenas de metros de profundidade.
Alterações na saúde
Mas Dituri pode esperar outras mudanças físicas enquanto morar no alojamento subaquático.
Embora o habitat de Dituri tenha janelas grandes, ele será exposto apenas à metade da luz solar que atinge a Terra. Isso pode causar problemas no seu ritmo circadiano – o “relógio” interno que controla várias funções do corpo, incluindo nosso ciclo de sono e vigília –, que depende da luz do dia. E pode resultar em distúrbios no sono.
Outro desafio para Dituri será conseguir vitamina D em quantidade suficiente. Para fabricar esta vitamina, a pele precisa estar exposta aos raios ultravioleta, normalmente provenientes do Sol. É provável, portanto, que Dituri não produza vitamina D suficiente enquanto estiver vivendo em seu ambiente subaquático.
A vitamina D desempenha papéis importantes na manutenção da densidade óssea, função muscular e imunidade.
Uma pesquisa com pessoas que moraram em um habitat subaquático, administrado pela Nasa, como um voo espacial análogo, mostrou que elas apresentavam função imunológica reduzida após apenas 14 dias de permanência.
Dituri vai precisar obter vitamina D a partir de outras fontes – como alimentos ricos no nutriente, suplementos ou lâmpadas ultravioleta – para minimizar a redução da sua função imunológica.
Embora ele esteja vivendo sozinho, astronautas que viveram em ambientes similares relataram a ocorrência de infecções latentes. São vírus que muitos de nós carregamos e que nosso sistema imunológico normalmente mantém sob controle. Isso também pode fazer com que Dituri fique doente se a sua função imunológica oscilar.
Além de uma quantidade mínima de caminhada em um habitat muito pequeno, o único exercício que Dituri poderá fazer é nadar. Como nadar não exige sustentação de peso, é provável que haja perda de massa óssea e muscular, que podem ser similares às sofridas pelos astronautas durante longas missões na Estação Espacial Internacional (mas não tão extremas).
Acrescentar alguns exercícios de resistência, como agachamentos e afundos, pode ajudar Dituri a compensar as perdas de massa óssea e muscular.
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