Quarta-feira, 27 de Novembro de 2024

Home Você viu? O que um psicólogo descobriu estudando segredos das pessoas por uma década

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“Nada pesa tanto quanto um segredo”, escreveu o fabulista francês Jean de la Fontaine, já no século 17.Esta metáfora é repetida de diversas formas por muitos outros escritores. E foi o ponto de partida para uma pesquisa que levou uma década, realizada pelo psicólogo Michel Slepian, da Universidade de Colúmbia, nos Estados Unidos.

Ele visualizou os aspectos mais profundos da vida de cerca de 50 mil pessoas de 26 países. “Meus estudos originais questionavam se as pessoas realmente pensavam desta forma”, declarou Slepian. “E, de fato, quando pensavam nos segredos, elas demonstravam uma sensação de carga. Davam o mesmo tipo de resposta de alguém que carrega peso físico.”

Para se aprofundar no tema, o pesquisador procurou literatura científica sobre os segredos e percebeu “que, na realidade, não sabíamos nada”.

A questão não é que o assunto não tivesse sido abordado, mas sim que “os psicólogos simplesmente presumiram que sabiam como eram os segredos, e os recriaram em laboratório, em vez de olhar como eles eram no mundo real”.

“Não tínhamos respostas satisfatórias para algumas das perguntas mais básicas, como quais segredos as pessoas guardam, com que frequência elas os conservam e o que acontece quando um segredo vem à mente”, afirma Slepian.

Ele se propôs então a encontrar essas respostas. Mas, para começar, havia uma pergunta básica que precisava ser respondida.

O que é um segredo?

Parece fácil, mas não é. Existem muitas coisas sobre as quais não falamos, mas todas elas são segredos? “Existe todo tipo de pensamento e experiência que tivemos e que as pessoas não sabem, mas isso não significa que sejam segredos”, diz o pesquisador.

Há assuntos que você só confiaria ao círculo mais próximo ou que não discutiria em certos espaços, “mas isso tem mais a ver com a noção de privacidade”.

Para Slepian, que é autor do livro The Secret Life of Secrets (“A vida secreta dos segredos”, em tradução livre), o que diferencia um segredo é a intenção.

“Defino o segredo como a intenção de reter informações de uma ou mais pessoas”, explica. “No momento em que você tem a intenção de não contar algo a uma pessoa, nasce um segredo.” E não depende de ter havido uma situação em que você poderia ter contado o segredo, mas se calou.

“O fato de você não ter precisado ocultar esse segredo em uma conversa não significa que não seja um segredo.”

38 segredos

Slepian começou pedindo a mil pessoas que contassem um segredo que estavam guardando. “A partir desse conjunto de mil segredos, desenvolvemos uma lista de 38 categorias muito bem representadas pelos dados”, revela.

Depois de fazer a mesma pergunta para outro grupo de mil pessoas, ele e sua equipe comprovaram que a lista era válida. E continuaram confirmando.

“Quando fazemos a pergunta aberta ‘qual é o segredo que você está guardando?’, 92% das respostas se enquadram em uma dentre 38 categorias.”

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