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Por Redação Rádio Pampa | 23 de janeiro de 2022
O mundo temia o pior quando uma nova variante do coronavírus surgiu no fim de novembro e se espalhou pela África do Sul em uma velocidade sem precedentes. Mas dois meses depois, com a Ômicron dominando grande parte do planeta, a história mudou para algumas pessoas.
“Os níveis de preocupação com a Ômicron tendem a ser menores do que com as variantes anteriores”, disse Simon Williams, pesquisador em atitude e comportamento público em relação à Covid-19 na Universidade de Swansea, no Reino Unido. Para muitos, “o ‘medo da Covid’ é menor”, comentou.
A menor gravidade da Ômicron em comparação com variantes anteriores e a percepção de que os indivíduos provavelmente serão infectados uma hora ou outra contribuíram para esse relaxamento das pessoas, afirmou Williams. Isso fez com que alguns buscassem a doença de propósito para “pegar logo” – prática em nada recomendada pelos especialistas.
Contudo, alguns dentro da comunidade científica estão levemente otimistas que a Ômicron possa ser a última fase da pandemia, fornecendo “uma camada de imunidade” para boa parte do mundo e se aproximando de um estágio endêmico em que a Covid-19 é similar a doenças sazonais, como resfriado ou gripe.
“Em minha opinião, ela está se tornando endêmica e continuará sendo endêmica por algum tempo – como aconteceu com outros coronavírus”, disse David Heymann, professor de epidemiologia de doenças infecciosas da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.
“Todos os vírus tentam se tornar endêmicos e, para mim, esse parece que está conseguindo”, afirmou. A Covid-19 evoluiu de forma bastante imprevisível e, segundo especialistas, a variante que substituiu a Delta poderia ter sido muito pior.
No entanto, o mundo acabou com uma cepa dominante que está infectando a população com facilidade, sem causar o mesmo grau de hospitalizações, doenças graves e mortes que as variantes anteriores causaram.
Especialistas alertam que pode haver retrocessos ao longo do caminho: assim como o surgimento da Ômicron foi inesperado, a próxima variante pode apresentar um risco mais sério à saúde pública e adiar o fim da pandemia.
Além disso, muitos países ainda podem enfrentar hospitais sobrecarregados devido à atual onda da Ômicron, especialmente onde a cobertura vacinal é baixa.
Mesmo assim, em grande parte dos países ocidentais tem surgido uma urgência política para devolver às sociedades um senso de normalidade, e a transmissibilidade da Ômicron tem forçado líderes a escolher entre reverter as medidas de saúde pública, ou correr o risco de paralisar a força de trabalho e a economia.
E mais: pela primeira vez desde que a Covid-19 surpreendeu o mundo no início de 2020, alguns epidemiologistas e líderes estão dispostos a considerar a ideia de que o vírus possa estar se encaminhando em direção a um status endêmico.
Regras do jogo
A questão que cientistas e a sociedade em geral enfrentarão ao longo de 2022 é: quando a Covid-19 irá deixar seu estágio atual e entrar na endemicidade?
Uma doença endêmica tem presença constante em uma população, mas não afeta um número alarmante de pessoas ou prejudica a sociedade, como normalmente ocorre em uma pandemia.
Especialistas não esperam que a Covid desapareça completamente de nossas vidas. Em vez disso, chegará a um período semelhante a diversas outras doenças, em que “a maioria das pessoas será infectada quando criança, possivelmente várias vezes, e à medida que essas infecções se acumulam, elas criam uma imunidade”, de acordo com Mark Woolhouse, professor de epidemiologia de doenças infecciosas da Universidade de Edimburgo, na Escócia, e autor de um livro sobre os estágios iniciais da pandemia.
“É para essa situação que estamos caminhando”, comentou. “A Ômicron é uma outra dose do vírus. Em média, todos nós seremos menos suscetíveis à doença, tendo tomado essa dose ou a vacina.”
É por isso que a menor gravidade da Ômicron é tão importante. Ela fornece uma camada extra de imunidade, mas não traz o mesmo risco de internação que a Covid-19 apresentou durante a maior parte do ano passado.
A Ômicron está associada a uma redução de dois terços no risco de hospitalização em comparação com a Delta, de acordo com um estudo escocês. Um outro artigo da África do Sul colocou a mesma redução como sendo de 80%.
“Bem mais da metade do mundo já teve alguma exposição ao vírus ou à vacina. As regras do jogo mudaram do ponto de vista do vírus”, disse Woolhouse.
No Ar: Pampa Na Madrugada