Sábado, 05 de Outubro de 2024

Home em foco Os dois maiores e mais ricos países da América do Sul, Brasil e Argentina têm dois presidentes cuja relação é estremecida desde o início

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A relação entre os presidentes dos dois maiores e mais ricos países da América do Sul, Brasil e Argentina, é estremecida desde o início. De um lado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, com perfil de esquerda e pautas com tendência progressista e defensor de maior participação do Estado na economia. Do outro, o presidente Javier Milei, autodenominado anarcocapitalista, ultraliberal e de ideologia com tendência ao conservadorismo de direita.

A interação entre os dois chefes de Estado sempre foi truncada. Por exemplo, os dois nunca se encontraram pessoalmente, o que é exótico, já que Brasil e Argentina são vizinhos e dois países que têm um fluxo comercial muito estreito.

Nos últimos dias, esse assunto ganhou mais destaque. Isso porque Milei desistiu de ir a um encontro de cúpula do Mercosul — do qual Lula vai participar. Em vez disso, Milei preferiu ir a um encontro de políticos conservadores em Camboriú (SC), e lá vai encontrar alguns dos adversários de Lula, como e ex-presidente Jair Bolsonaro.

Eleições

Durante a corrida eleitoral no Brasil, no segundo semestre de 2022, um ano de Milei ser eleito, ele já opinava contra Lula.

“Não se deixem levar pelo presidiário comunista, votem em Bolsonaro”, afirmou na ocasião.

Os estranhamentos entre ambos começaram no ano passado, durante a eleição presidencial na Argentina.

Lula apoiava o rival de Milei, o candidato Sergio Massa, ligado ao então presidente Alberto Fernández. Durante a campanha, Milei chamou Lula de “comunista” e “corrupto” em um programa de TV.

Na ocasião, o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, Paulo Pimenta, disse que Milei devia desculpas a Lula, o que nunca ocorreu.

Durante a campanha, Milei também ameaçava tirar a Argentina do Mercosul, o que confronta a ideia que Lula tem para o bloco.

Quando Milei finalmente venceu a eleição, Lula parabenizou o povo e as instituições argentinas pela conclusão do processo eleitoral. Mas em nenhum momento parabenizou Milei nem citou o nome do vencedor no dia da conclusão do pleito.

“A democracia é a voz do povo, e ela deve ser sempre respeitada”, limitou-se a dizer Lula.

Posse

Milei convidou Lula para sua posse, em dezembro de 2023, e disse que “se Lula vier, será muito bem-vindo”. Mas também chamou Bolsonaro, o que foi visto pelo governo brasileiro como uma deselegância.

Lula não foi à posse e também não mandou o vice-presidente, Geraldo Alckmin. No lugar, decidiu mandar o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

Pouco antes, em novembro de 2023, já como presidente eleito, Milei mandou uma carta para Lula. No texto, o argentino afirmou que esperava construir um “trabalho frutífero e de construção de laços” entre Brasil e Argentina.

“Desejo que o tempo em comum como presidentes e chefes de governo seja uma etapa de trabalho frutífero e de construção de laços que consolidem o papel que Argentina e Brasil podem e devem cumprir no acordo das nações”, dizia um trecho da carta.

O post de Milei

O episódio mais recente nessa relação conturbada foi um post que Milei fez em suas redes sociais na terça-feira (3). Milei se referia, de forma genérica, a opiniões que, segundo ele, são típicas de um “perfeito dinossauro idiota”. Ele não diz quem é essa pessoa.

Ao longo da postagem, Milei vai elencando o que, para ele, são opiniões desse tipo de pessoa. Em determinado momento, ele diz, por exemplo, que o “perfeito idiota” não reconhecem que a recente tentativa de golpe militar na Bolívia foi uma “fraude”.

Depois, ele diz que o “perfeito idiota” se incomoda com as declarações de Milei sobre Lula. Segundo o presidente argentino, ele fala a verdade, e isso incomoda o “perfeito idiota”. A verdade sobre Lula, na visão de Milei, é que o brasileiro é “comunista” e “corrupto”.

Esse post gerou incômodo no Palácio do Planalto, mas Lula não se manifestou sobre ele pessoalmente.

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