Quinta-feira, 23 de Janeiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 23 de janeiro de 2025
O Papa Francisco pediu que a “mentalidade machista” seja “superada” dentro da Igreja e que mais cargos de responsabilidade sejam atribuídos às freiras, nesta quarta-feira (22). Durante uma reunião com representantes da fundação americana Conrad Hilton, que luta contra a pobreza, o pontífice também falou que “a missão das irmãs é servir aos mais desfavorecidos e não ser empregadas de ninguém”.
“Frequentemente se denuncia que não há freiras suficientes em cargos de responsabilidade, nas dioceses, na Cúria e nas universidades, e isso é verdade. Investiu-se pouco nisso, muito menos do que na formação do clero”, afirmou o papa, lembrando que “desde o dia do Jardim do Éden, quem manda são elas”.
No domingo, Francisco anunciou que uma mulher, Raffaella Petrini, irá dirigir o Governo do Estado da Cidade do Vaticano, o órgão responsável pelas funções administrativas da Santa Sé, a partir de março.
Este mês, ele também nomeou pela primeira vez na história da Igreja uma freira, Simona Brambilla, para dirigir um dos “ministérios” do Vaticano, o Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, responsável pelas ordens e congregações religiosas.
Desde a eleição de Francisco em 2013, a proporção de mulheres que ocupam cargos na Santa Sé e na administração do Estado vaticano aumentou de 19,2% para 23,4%. A Igreja tem sido criticada pelo papel das freiras empregadas no Vaticano e em outros lugares do mundo, já que frequentemente cozinham e realizam serviços de limpeza para sacerdotes, bispos e cardeais.
Freiras excomungadas
As dez irmãs clarissas no norte da Espanha que mantinham um conflito aberto com o Vaticano foram oficialmente excomungadas, anunciou a arquidiocese de Burgos em junho do ano passado.
“No dia 22 de junho, o arcebispo de Burgos, comissário pontifício e representante legal dos mosteiros de Belorado, Orduña e Derio, comunicou o decreto de declaração de excomunhão e a declaração de demissão (expulsão) ipso facto da vida consagrada a todas e cada uma das dez irmãs que incorreram em cisma”, indicou um comunicado publicado no site do arcebispado.
O arcebispo de Burgos, Mario Iceta, recebeu na véspera uma “declaração de ‘separação voluntária’ de todas e cada uma delas, recebida por burofax”, uma carta certificada que tem valor de prova perante a justiça.
“São as próprias irmãs que mostraram sua decisão livre e pessoal de abandonar a Igreja Católica”, precisou o texto.
O caso opõe há um mês o arcebispo desta cidade de Castela e Leão, no norte da Espanha, e as religiosas de Santa Clara de Belorado, uma localidade de 1.800 pessoas situada a cerca de 50 km de Burgos.
Em 13 de maio de 2024, esta comunidade de 16 irmãs que reside no convento de tijolos do século XV causou estupefação ao anunciar que rompia com a Igreja Católica, em um “manifesto” de 70 páginas acompanhado de uma carta publicada nas redes sociais.
A missiva, assinada pela madre superiora, irmã Isabel de la Trinidad, denunciava a “perseguição” de que a comunidade seria vítima, envolvida há vários anos em um confronto imobiliário com sua hierarquia.
Em 2020, as freiras chegaram a um acordo com a vizinha diocese de Vitoria para comprar o convento de Orduña, no País Basco, mas a venda acabou fracassando. A transação foi “bloqueada desde Roma”, disseram as religiosas.
As freiras de Belorado também criticaram um suposto “caos doutrinal” do Vaticano, ao qual acusam de incorrer em “contradições” com suas “linguagens duplas e confusas”, disseram não reconhecer o papa Francisco e anunciaram estar agora sob a autoridade de um sacerdote excomungado, Pablo de Rojas Sánchez-Franco.
O religioso, fundador da Pia União de São Paulo Apóstolo, afirma ser membro do “sedevacantismo”, uma corrente que considera hereges todos os papas que sucederam a Pio XII (1939-1958), razão pela qual acredita que atualmente não há um sumo pontífice válido.
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