Segunda-feira, 23 de Dezembro de 2024

Home Brasil Para pesquisadora da Fiocruz, não é o momento de liberar a população do uso de máscaras em ambientes fechados

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Um dos principais nomes da linha de frente da luta contra a pandemia da covid no Brasil, a pneumologista Margareth Dalcolmo, da Fiocruz, disse que está muito preocupada com a decisão de muitas cidades, entre elas São Paulo e Rio de Janeiro, de suspenderem a obrigatoriedade do uso da máscara em ambientes fechados. “Acho que essas medidas foram precipitadas”, afirma, citando o recrudescimento da doença na China e na Coreia do Sul, e a chegada da nova variante deltacron ao País. “Considero um erro.”

Para ela, é preciso esperar ainda algumas semanas para se ter uma avaliação mais acurada sobre os desdobramentos da epidemia na Ásia. Com a vacinação por aqui já avançada, nada indica a ocorrência de uma nova onda da doença, mesmo com a chegada da deltacron. “Mas podemos ser surpreendidos”, alerta a especialista. De qualquer forma, defende, é preciso vacinar as pessoas que não receberam ainda a terceira dose e ampliar a vacinação infantil, ainda muito baixa.

Margareth criticou duramente a postura do governo brasileiro, que disseminou fake news, informações incorretas e demorou muito para começar o processo de vacinação. Para ela, os problemas contribuíram para o País ter um dos maiores números absolutos de morte pela doença – perdendo apenas para os EUA –, inclusive entre crianças e jovens. A boa surpresa, no entanto, foi a robusta resposta da comunidade científica brasileira. O Brasil foi um dos países que mais publicou estudos sobre a covid, a despeito de todas as dificuldades.

“A retórica oficial foi muito nociva ao País, querendo emprenhar, digamos assim, conceitos como a defesa de medicamentos não eficazes, diante de uma população amedrontada, angustiada e empobrecida”, diz. “Por outro lado, hoje, somos o 11º País do mundo em número de publicações científicas sobre a covid-19. Isso é muita coisa.”

Autora do estudo definitivo sobre a ineficácia da cloroquina (anexado á documentação oficial da CPI), responsável pela testagem de outros dois remédios contra a covid (que já se revelaram eficazes), conselheira de primeira hora do então ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, Margareth Dalcolmo afirma que esta, definitivamente, não será a última epidemia enfrentada pela geração atual, sobretudo diante do desequilíbrio ecológico e das mudanças climáticas do planeta.

“Se você me perguntar do que eu tenho medo, como eu acho que a vida no planeta vai acabar, eu não citaria uma bomba atômica ou um meteorito. Eu diria que tende a acabar com epidemias, sobretudo agora como o homem favorecendo ecologicamente o surgimento de novas doenças”, sentencia.

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