Segunda-feira, 06 de Janeiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 4 de janeiro de 2025
Hoje sem filiação partidária, o cantor Gusttavo Lima provocou uma corrida entre diferentes siglas ao anunciar a intenção de disputar a Presidência da República em 2026. Ao menos três delas já admitem publicamente o desejo de contar com o sertanejo: além de União Brasil e PP, detentores de estruturas e fundos partidários robustos, o pequeno PRTB manifestou interesse — tendo como carta na manga o influenciador Pablo Marçal, ex-candidato à prefeitura de São Paulo que recebeu apoio do artista no ano passado.
“Falei com o Gusttavo e pedi para ele conversar mais com o (governador de Goiás, Ronaldo) Caiado. Vamos ver o que acontece. Quero entender o que ele pensa sobre os grandes temas nacionais. O Brasil é um negócio complexo”, afirmou ao jornal O Globo o presidente do União, Antonio Rueda.
À emissora CNN Brasil, o chefe do PP, senador Ciro Nogueira, também admitiu que há conversas para tentar atrair o cantor. Já o comandante do PRTB, Leonardo Avalanche, disse ao portal Poder360 que vislumbra uma chapa com Lima e Marçal para 2026, considerada “imbatível” pelo dirigente.
“Com certeza teríamos nomes fortes para governadores e senadores. E, com certeza absoluta, uma chapa imbatível para presidente da República”, argumentou. “Pablo hoje é o nosso líder político dentro do partido e tem dito que, além da pontuação das pesquisas eleitorais e observados alguns critérios, ele está disposto a participar e organizar essa grande construção nacional.”
“Tchau, querida”
Nos bastidores, no entanto, a classe política avalia que as chances de Gusttavo Lima conseguir viabilizar uma candidatura à presidência são baixas, dado o tamanho do desafio. Seria mais possível, caso ele queira mesmo entrar na política eleitoral, costurar uma ida para o Legislativo e atuar como cabo eleitoral de outro presidenciável. A fila de interessados na candidatura ao Planalto é grande e inclui Caiado, de quem o cantor é próximo.
O próprio PL de Jair Bolsonaro conversou com o sertanejo no ano passado para filiá-lo, mas quando o plano era apenas uma candidatura do cantor ao Senado, como mostrou o colunista do jornal O Globo Lauro Jardim. Ao manifestar a vontade de chegar ao Planalto, Lima fez Bolsonaro ver o movimento como uma “traição”, já que o ex-presidente, mesmo inelegível e enrolado na Justiça, mantém o discurso de que concorrerá em 2026.
Antes da declaração que sacode desde já a corrida eleitoral, o sertanejo de 35 anos fez diversas manifestações de apoio a políticos de direita nos últimos anos, como Bolsonaro e Caiado, e também a Marçal. Em 2016, celebrou o impeachment de Dilma Rousseff (PT) em um vídeo informal no qual bradou o mote “tchau, querida”, muito usado pela oposição à petista durante o processo de cassação.
Na quinta (2), a assessoria do cantor confirmou que ele “está à disposição, caso o país venha a precisar”. Antes, em entrevista ao portal Metrópoles, Lima explicou o que o motiva a se interessar por uma aventura política:
“Chega dessa história de direita e de esquerda. Não é sobre isso, é sobre fazer um gesto para o país, no sentido de colocar o meu conhecimento em benefício de um projeto para unir a população”, disse. “Estou cansado de ver o povo passar necessidade sem poder fazer muito para ajudar. Vim de uma condição bastante humilde, cheguei a perder três dentes, mas, claro, tive condições de me tratar, condição que muita gente não tem.”
“Idealismo”
Apesar de ter classificado Caiado como “nosso futuro presidente” durante um show no ano passado, é com Bolsonaro que Gusttavo Lima protagonizou mais episódios de apoio político nos últimos anos. Meses antes do início da eleição de 2018, em fevereiro, ele postou uma imagem de si mesmo atirando com um fuzil, alegou que apenas o “cidadão de bem” estava desarmado no Brasil e finalizou com a hashtag #bolsonaro2018.
Em 2022, o apoio à reeleição do presidente foi explicitado em mais de um momento. O cantor chegou a fazer o número de Bolsonaro com as mãos em um show e a participar de uma live do aliado — na qual se emocionou.
Na campanha, Lima e o também sertanejo Leonardo visitaram Bolsonaro no Palácio do Alvorada, residência oficial do presidente da República, e falaram abertamente à imprensa sobre a eleição. O apoio ao então presidente, disse, era por causa do “idealismo da família, dos filhos”.
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