Quarta-feira, 01 de Janeiro de 2025

Home Ali Klemt Pelo direito de estar feia

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Existe algo de incrível nesse período entre o Natal e o ano novo… é como um vácuo existencial, onde não é preciso cumprir qualquer compromisso ou obrigação. Todo mundo entende. Afinal, o que vale é apenas a contagem regressiva até o novo ano. O que vale é a retrospectiva. E isso é legal. Afinal, é um momento de refletir.

E se é para refletir, também é um período onde cada um pode ser realmente o que é – e é muito melhor do que o carnaval. Afinal, você não precisa se fantasiar. Basta se entregar aos seus verdadeiros prazeres: família, descanso, festas, pescaria, dolce far niente? Não importa, porque ninguém, efetivamente, julga. Há como que uma carta branca para ser o que se quiser – ao menos, por alguns dias.

Pois eu confesso que gosto de me permitir… ser feia! Veja, eu sei que não sou feia. Aliás, quem verdadeiramente é? A beleza é um conceito subjetivo e, a meu ver, tem mais relação com a atitude diante da vida do que com qualquer outra coisa. Mas a minha intenção aqui não é discutir o que faz alguém belo. Longe disso! Minha provocação é pelo direito de se permitir não sê-lo!

Sou uma pessoa que vive da imagem. Isso parecia ser algo restrito a quem era da TV, como é o meu caso. Porém, hoje, todos nós assim vivemos. Estamos em constante exposição. Sempre posando, mostrando a nossa melhor versão. Que bom! Isso nos faz evoluir. Tenho certeza que a busca pela nossa versão mais positiva e produtiva, de fato, acaba nos tornando melhores. A questão é: você aguenta o tranco? Porque essa busca ininterrupta é cansativa. Mais que isso, ela não pode ser apenas aparente, sob pena de ser falsa. Ela precisa ser real. Esse é o desafio.

E é preciso admitir que, às vezes – ou, talvez, muitas vezes – você só queira ser… você! A sua versão sem make, nem escova, nem roupas da moda. A sua versão com pele flácida e manchas da idade. O seu você com as cicatrizes, enfim, da vida.

Pois eu confesso que PRECISO desse tempo. É quase catártico, uma entrega a mim mesma e à minha essência. A liberdade de não precisar parecer, mas, apenas ser. A possibilidade de usar chinelos e coquinho com cabelo desgrenhado e não ligar. De verdade.

Posso sair assim todo santo dia se eu quiser? Posso. Devo sair assim todo santo dia se eu quiser? Olha, se eu tenho um objetivo profissional e social que envolve a validação alheia… sinceramente, não. E não sou a única. Todos nós estamos sujeitos a isso, continuamente. E está tudo bem! A sociedade é assim, e a comunicação não verbal é essencial como tantas outras habilidades que desenvolvemos ao longo dos milênios de sobrevivência nessa selva chamada sociedade. Contudo, não me chamem para “fazer bonito” durante esses sete dias entre o Natal e o ano novo. Porque esses dias não existem! São como um portal pelo qual precisamos atravessar para chegar inteiros – e, eu diria, íntegros! – para esse novo tempo que é um ano inteiro repleto de promessas. Que cheguemos na essência, limpos e leves e livres. Prontos para assumir toda e qualquer missão que toque o nosso coração e que nos faça, mais uma vez, assumir a capa (ou a máscara ou a fantasia) de sabe-se lá que herói você queira assumir.

A pausa do palco da vida é necessária. Sair de cena para umas férias de si mesmo, onde possamos fazer os ajustes nos bastidores para, depois, retomarmos àquilo que nos é inevitável: o protagonismo da própria vida.

Ali Klemt

* Instagram: @ali.klemt

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