Sábado, 28 de Dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 28 de dezembro de 2024
Neste Natal me proponho a fazer uma pequena lista de sonhos e desejos, na esperança de que ao menos alguns deles se realizem, ainda que em parte, assim como se a gente fosse iniciar uma longa jornada nas estrelas, em busca do bem-estar para todos, de alguma prosperidade para o Brasil, de um pouco de vergonha na cara das nossas elites.
De logo, quero muito que os políticos, quando usarem essa expressão manjada – elites – se ocupem de defini-las minimamente. Se ele criticam as elites por seu egoísmo e insensibilidade, que tenham a coragem e sinceridade de dar realce ao fato de que, mais do que ninguém, fazem parte delas. Dita assim, solta, as elites parecem ter vindo de outro mundo para causar dano ao povo, dizem respeito apenas a adversários e inimigos, gente que por alguma razão espúria se contrapõe aos altos desígnios do ator que está falando.
Desejo intensamente que todos aqueles que estão empenhados no atual embate político, olhem no espelho, ponham a mão na consciência, e com coração aberto vasculhem intenções e gestos e façam o cálculo justo para saber se não estão exagerando na própria inocência e virtude, e na perversidade suposta dos seus oponentes.
Ficaria feliz de saber que ao menos uma parte vasta da clientela das redes sociais, se ponha no lugar dos outros, principalmente dos que não tiveram a sorte de ter um lar bem formado, pais amorosos, herdado bens e fortuna, de frequentar uma boa escola: é honesto tomá-los por incautos ou indolentes, como se não tivéssemos nada a ver com isso?
Não seria honesto perguntar se o nosso próprio destino não seria igual ou parecido, se fôssemos pretos e mulatos, se tivéssemos sido criados em bairros pobres das periferias, em lares destroçados pela bebida e pela violência, frequentado escolas caindo aos pedaços, com educadores preguiçosos ou mal preparados? Não terá sido o acaso e a mão de Deus que nos trouxe ao bom caminho, acaso e mão que aqueles outros não tiveram?
Como seria bom e desejável se os nossos governantes cuidassem das finanças públicas com a obstinada certeza de que o dinheiro público é sagrado e deve ser usado com muito critério e correção. E que caíssem fora governantes que só têm o olho gordo para a próxima eleição! Governantes que, para ganhar a eleição, são capazes de tudo – até mesmo de fazer a coisa certa e honesta – a fim de continuar usufruindo de todas as mesuras, os mesmos privilégios!
Ficaria bem que suas excelências os juízes e procuradores do Ministério Público, tão exímios em criar benefícios a seu favor, expedientes para burlar os limites de remuneração que a lei estabelece, tão ciosos de suas prerrogativas, também cumprissem com exação e celeridade os seus deveres sagrados de fazer justiça!
Me tomaria de surpresa e de alegria saber que os representantes do povo, senadores, deputados, vereadores, doravante cuidarão dos assuntos republicanos com o mesmo zelo e dimensão que dedicam ao garimpo das verbas orçamentárias, fazendo delas (mais do que tudo) alavancas da própria reeleição.
Esperança, eu falei acima? Pouca. Muito pouca. Quase nada.
Assim mesmo, Feliz Natal para todos.
(titoguarniere@terra.com)
No Ar: Pampa Na Tarde