Quarta-feira, 27 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 15 de outubro de 2022
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica afirma que a colonoscopia é um exame eficaz para reduzir o risco de câncer colorretal e a morte pela doença. Segundo Marcus Valadão, cirurgião oncológico, diretor científico da entidade e coordenador do Grupo de Câncer Colorretal do Instituto Nacional de Câncer , “o papel da colonoscopia no rastreamento não pode ser contestado”.
“A colonoscopia é um exame recomendado por várias sociedades, não só brasileiras, mas internacionais. Existem evidências robustas da utilização do método de rastreamento como forma de reduzir a chance de câncer colorretal e pode passar uma ideia errônea de que a partir de agora a colonoscopia não tem nenhum papel no rastreamento”, afirma Valadão.
O médico se refere a um estudo publicado recentemente na prestigiosa revista científica New England Journal of Medicine que sugeriu que o benefício do procedimento na população em geral para redução do risco desse tipo de tumor é escasso. No estudo NordICC, pesquisadores da Noruega concluíram que o exame reduz em apenas 18% o risco de câncer colorretal e não traz redução significativa no risco de morte pela doença.
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Entretanto, segundo Valadão, o estudo possui algumas limitações. Uma delas é o fato de apenas metade dos pacientes que receberam a recomendação para realizar o exame, terem feito de fato.
“Contando o grupo como um todo, a redução de risco foi de 18%. Mas a análise do grupo que realmente fez a colonoscopia mostrou uma redução no risco de câncer de 31% e do risco de morte pelo câncer, de 50%. Isso dá uma ideia do impacto da colonoscopia na redução de risco”, diz o médico.
Outro ponto é o fato de o estudo ter acompanhado os pacientes por dez anos.
“A gente sabe que o benefício da realização da colonoscopia pode necessitar de 15 anos de acompanhamento”, pontua o diretor científico da SBCO.
Inclusive, os pesquisadores do estudo se comprometeram a fazer uma nova avaliação após 15 anos. Além disso, os próprios autores mencionam a existência de alguns vieses que podem ter contribuído para subestimar o efeito da colonoscopia no desenvolvimento do câncer.
“Um deles é que na população na Polônia, mais pacientes de risco para câncer colorretal tenderam a ficar no grupo da colonoscopia. No país, houve mais detecção de tumores avançados e a explicação pode ser essa”, explica o oncologista.
A partir dos 45 anos
No Brasil, o câncer de intestino – também conhecido como câncer de cólon e reto ou colorretal – é a terceira maior incidência na população e atinge cerca de 40 mil novos casos por ano entre homens e mulheres. A colonoscopia é um procedimento frequentemente usado para rastrear esse tipo de câncer.
Durante o exame, os médicos guiam o endoscópio, um tubo longo e flexível, no reto e no cólon. Uma câmera na extremidade do aparelho permite que os médicos vejam o interior do cólon e removam pólipos que podem se tornar cancerosos.
A Sociedade Americana de Câncer recomenda a realização desse exame a partir de 45 anos devido ao aumento da incidência desse tipo de tumor em pessoas mais jovens nos últimos anos, “provavelmente devido aos hábitos de vida”, segundo Valadão. Se o exame for normal, é preciso repeti-lo após cinco a dez anos.
Para pessoas com fatores de risco, como história familiar, pode ser necessário começar mais cedo. A recomendação varia de acordo com o caso e é feita pelo médico.
“Em média a colonoscopia reduz de 30 a 40% o de risco de câncer e de 50 a 60% o risco de morte por câncer”, conclui Valadão.
No Ar: Pampa Na Tarde