Sexta-feira, 14 de Março de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 13 de março de 2025
A etapa inicial de recuperação de uma pintura relevante na História da Arte do Rio Grande do Sul chega ao fim nesta sexta-feira (14), quando uma equipe do curso de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) submeterá a tela “Proclamação da República de Piratini”, de Antônio Parreiras, às primeiras avaliações técnicas em Porto Alegre.
Trata-se de um painel originalmente encomendado pelo então governador Borges de Medeiros em 1911. Após a análise dessa sexta, a obra será desmontada e acondicionada para ser transportada de volta até Pelotas, onde a restauração prosseguirá.
Nove profissionais da UFPel, dentre professores, técnicos e estudantes, atuarão nesta primeira etapa, que inclui fixação emergencial e faceamento da camada pictórica e exames de raio-x, infravermelho e ultravioleta para diagnóstico do estado de conservação da pintura.
A coordenação é da professora Andrea Bachettini, responsável pelo Laboratório Aberto de Conservação e Restauração de Pinturas (Lacorpi) da Universidade. Acompanharão os trabalhos a conservadora-restauradora do Palácio Piratini, Fernanda Rodrigues, e a historiadora Luciana de Oliveira, do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul (IHGRGS).
O projeto é viabilizado a partir de um novo acordo técnico de cooperação firmado entre a UFPel e o governo gaúcho. Essa parceria prevê o envolvimento de corpo técnico da Universidade na restauração de peças do acervo do Palácio Piratini, tais como plantas históricas e tecidos, além da pintura de Parreiras – originalmente concebida para decorar a sede do governo gaúcho.
Entre os principais desafios do restauro da peça está o tamanho da pintura, que ocupa uma parede inteira, com mais de 6 metros de largura por 3 de altura. “Tudo precisará ser estudado e adaptado para lidar com uma obra dessas dimensões. Inclusive, será necessário construir uma mesa para que a pintura não precise ser restaurada diretamente no chão”, explica Andrea Bachettini.
Parte da equipe que participa desta nova empreitada atuou no projeto anterior, que restaurou 17 pinturas de cavalete pertencentes ao acervo do Piratini, em 2022, no âmbito das ações comemorativas ao centenário do Palácio, quando o governo e a UFPel firmaram a primeira parceria. Alguns dos profissionais também integraram a força-tarefa que recuperou obras do Palácio do Planalto vandalizadas em 8 de janeiro de 2023.
Registros históricos
A obra de Antônio Parreiras é a primeira de um conjunto de pinturas de grandes dimensões encomendadas nas primeiras décadas do século 20 pelo governo gaúcho. O objetivo era retratar episódios marcantes da história política do Rio Grande do Sul.
Atualmente instalada no 4º Regimento de Polícia Montada, da Brigada Militar (BM), a tela é também chamada de “Proclamação da República Riograndense”. O autor retratou o general Antônio de Sousa Neto liderando suas tropas no momento histórico da Proclamação da República de Piratini, em 11 de setembro de 1836.
Trata-se do ato que marcou a consolidação do movimento de independência gaúcho iniciado no ano anterior, durante o início da Revolução Farroupilha (1835-1845). A peça foi concluída e entregue ao Estado em 1915.
Além desta obra, foram posteriormente encomendadas por Borges de Medeiros as pinturas “Retrato de Bento Gonçalves” (1915), também de Parreiras; “Expedição a Laguna” (1916), de Lucílio de Albuquerque; “Fuga de Anita Garibaldi” (1919), de Dakir Parreiras, filho de Antônio; “Batalha da Ponte da Azenha” (1922) e “Chegada dos casais açorianos” (1923) de Augusto Luís de Freitas. “Do Rio Grande do Sul para o Brasil” (1925), de Helios Seelinger, encomendada por Oswaldo Aranha, fecha o conjunto.
O objetivo era que essas peças ornamentassem o novo Palácio do Governo. A partir da década de 1930, porém, as pinturas foram gradualmente redistribuídas a outras instituições. Exceto por “Proclamação da República de Piratini”, as pinturas de Antônio e Dakir Parreiras, bem como a de Seelinger, estão hoje no Museu Histórico Farroupilha, em Piratini. Já as obras de Augusto Luís de Freitas e Lucílio de Albuquerque encontram-se no Instituto de Educação General Flores da Cunha, em Porto Alegre.
(Marcello Campos)
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