Quarta-feira, 27 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 8 de outubro de 2022
É possível que exoplanetas “gêmeos” da Terra, com proporções de terra e de oceanos parecidas com as do nosso planeta, sejam extremamente raros. A conclusão vem de um novo estudo conduzido por Tilman Spohn e Dennis Höning, do Institituto de Ciência Espacial e Instituto de Pesquisa Planetária. Eles mostraram que mundos muito parecidos com a Terra — com cerca de 30% de sua superfície coberta por massa continental exposta — podem representar apenas 1% dos exoplanetas rochosos que ficam na zona habitável de suas estrelas.
A dupla usou modelos para entender a relação entre a água no manto dos planetas e a “reciclagem” de massa continental por meio das placas tectônicas. De forma geral, os resultados indicaram que a proporção observada na Terra, de solo para mar, é bastante equilibrada, mas isso poderia facilmente mudar para mais água ou mais massa terrestre se o interior do mundo em questão chegasse a uma temperatura parecida com a do manto da Terra, de 1.410 ºC.
Os modelos sugerem que os planetas dominados por oceanos, com menos de 10% de terra, seriam quentes e úmidos, com clima tropical. Já no caso de planetas dominados por terra, com menos de 30% da superfície coberta por oceanos, o clima seria mais frio e seco, com grandes desertos e geleiras. “Embora todos os planetas modelados possam ser considerados habitáveis, a fauna e flora deles poderia ser bem diferente”, acrescentou Spohn.
Ele explica que, como nós estamos acostumados com o equilíbrio entre áreas terrestres e oceanos aqui na Terra, pode ser fácil deduzir que um planeta similar à Terra, em outro sistema estelar, seria muito parecido com o nosso. “Mas os resultados dos nossos modelos sugerem que isso provavelmente não é o caso”, observou.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado no site do Europlanet Science Congress 2022.
Exoplaneta irmão
Como seria um exoplaneta “irmão” da Terra, na órbita de algumas das estrelas mais próximas do nosso planeta? É exatamente isso que uma equipe internacional de pesquisadores liderada por Haiyang Wang, cientista planetário da ETH Zürich, tentou descobrir. Eles estudaram a composição química das estrelas do sistema Alpha Centauri AB, a 4,3 anos-luz de nós, para inferir como seria a composição de um planeta rochoso hipotético por lá.
Para o estudo, a equipe trabalhou com dados da composição química das estrelas obtidas através da espectroscopia. A partir destas informações, eles conseguiram projetar possíveis composições de um corpo planetário hipotético na zona habitável do sistema Alpha Centauri AB, ou seja, na região em que a água pode existir em estado líquido. Assim, os pesquisadores conseguiram previsões detalhadas de como seriam as propriedades de “α-Cen-Terra”, o apelido que deram ao planeta modelo.
Caso exista, Wang e seus colegas acreditam que α-Cen-Terra seria um planeta geologicamente parecido com o nosso, com um manto dominado por silicatos enriquecidos por compostos de carbono, como o grafite e o diamante. Já a capacidade de armazenar água em seu interior rochoso seria, provavelmente, parecida com a da Terra “original”.
Por outro lado, os autores do estudo concluíram que haveria algumas diferenças interessantes entre α-Cen-Terra e o nosso planeta. Por exemplo, este mundo hipotético teria um núcleo de ferro um pouco maior, menor atividade geológica e possivelmente não teria placas tectônicas. Já a atmosfera dele seria dominada por dióxido de carbono, metano e água, uma composição parecida com a atmosfera terrestre há 2,5 bilhões de anos, quando a vida surgiu por aqui.
No Ar: Pampa Na Tarde