Quarta-feira, 27 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 7 de fevereiro de 2023
Nos últimos dias, oftalmologistas de todo o Brasil têm relatado um aumento no número de casos que associam graves prejuízos oculares, incluindo cegueira, ao uso de pomadas para cabelo utilizadas para modelar e fixar penteados.
Só no último domingo (5), as emergências da Fundação Altino Ventura (FAV), no Iputinga, na Zona Oeste do Recife (Pernambuco), e do Hospital de Olhos de Pernambuco (Hope), na Ilha do Leite, área central, atenderam, juntas, cerca de 100 mulheres com dor e irritação nos olhos, pálpebras inchadas e dificuldade para enxergar.
O relato das pacientes é de uso de pomada para modelar e fazer tranças no cabelo.
A informação é do oftalmologista Kayo Espósito, da FAV. “São pomadas que causam uma conjuntivite química. Só na FAV, foram 60 atendimentos ontem (domingo, dia 5)”, diz.
A maioria das pacientes apresentou os sintomas nos olhos, incluindo muita dor, após fazerem penteados feitos para ir a prévias carnavalescas.
Geralmente, os sintomas são observados depois da lavagem dos cabelos onde foi utilizado o produto ou depois do contato com água da chuva, banho de chuveiro, água de piscina ou do mar.
Entre as pacientes que foram ao hospital com lesão nos olhos, está a operadora de caixa Marcela Carolino Machado, de 39 anos. Ela fez tranças no cabelo no último sábado (4) e não tinha conhecimento dos riscos associados a pomadas para modelar os cabelos.
“Fiz o penteado para ir a um bloco de Carnaval, e a pessoa que fez até comentou que eu tivesse cuidado ao lavar o cabelo, para não cair (o produto) nos olhos, como qualquer outro penteado. Quando começou a chover no sábado, a maquiagem e o produto do cabelo escorreram para os olhos”, conta Marcela.
Imediatamente, ela sentiu ardência nos olhos, mas achou que o incômodo era por causa do glitter da maquiagem. “Era como se fosse uma conjuntivite. Dormi e, no dia seguinte, acordei com os olhos colados. Lavei com água gelada e soro. No fim da tarde, não aguentei e fui para a emergência. Quando eu cheguei lá, só vi mulheres com tranças no cabelo.”
Investigação
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem investigado marcas e fabricantes relacionados às reações adversas, que já levaram milhares de pessoas às unidades de pronto atendimento em diversos Estados do Brasil.
A Anvisa publicou, nos dias 23 e 24 de janeiro, novas medidas de fiscalização para as pomadas capilares para trançar cabelos.
As medidas têm relação com a investigação sobre a ocorrência de eventos adversos graves após o uso dos produtos. Todos esses produtos podem oferecer risco à saúde.
“Caso você tenha adquirido algum desses produtos, não faça uso dele. Caso tenha em sua residência ou estabelecimento produtos para os quais foi determinado recolhimento, a recomendação é de que entre em contato com a empresa onde o produto foi adquirido, para verificar a forma de devolução”, orienta a Anvisa.
No Ar: Pampa Na Tarde