Sexta-feira, 22 de Novembro de 2024

Home Colunistas Por dentro da maior usina geradora de energia limpa e renovável do planeta

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Utilizada muitas vezes como moeda de troca política por alguns governos, a hidrelétrica de Itaipu, que completou 50 anos em abril, representa na verdade um projeto desafiador, que começou a ser pensado ainda na década de 1960, quando foram assinados os primeiros acordos de cooperação entre Brasil e Paraguai. O colunista visitou o gigantesco projeto da Itaipu Binacional na última terça-feira (20) e conheceu detalhes que muitos brasileiros desconhecem sobre este gigantesco projeto, iniciado e concluído nos governos militares.

O primeiro passo para a construção de Itaipu foi a superação de obstáculos diplomáticos, que culminaram em 22 de julho de 1966,na assinatura pelos ministros das Relações Exteriores do Brasil, Juracy Magalhães, e do Paraguai, Sapena Pastor, da “Ata do Iguaçu”, uma declaração conjunta de interesse mútuo para estudar o aproveitamento dos recursos hídricos dos dois países, no trecho do Rio Paraná “desde e inclusive o Salto de Sete Quedas até a foz do Rio Iguaçu”. O local escolhido para a construção foi um ponto do rio conhecido como Itaipu, que em tupi quer dizer “a pedra que canta”. As dimensões do projeto também foram traçadas desde o início: a área da hidrelétrica vai de Foz do Iguaçu, no Brasil, e Ciudad del Este, no sul do Paraguai, até Guaíra e Salto del Guairá, no norte deste país.

Mas, a formalização do empreendimento se deu somente com a assinatura do Tratado de Itaipu em 1973, no governo do presidente Emílio Médici, que estabeleceu os pontos para o financiamento da obra e a operação da empresa, num modelo de sociedade binacional, pertencente às duas nações em partes iguais. Pelo documento, cada um dos países tem direito a 50% da energia produzida. Caso uma das partes não use toda a cota, deve vender o excedente ao parceiro a preço de custo.

Detalhes curiosos

Embora tudo seja bipartite, a verdade é que a obra teve um custo total direto – sem incluir os encargos financeiros – de US$ 12 bilhões, dos quais o Paraguai arcou com apenas US$ 50 milhões, em grande parte financiados pelo Banco do Brasil. Um calculo atualizado feito pela própria Itaipu estima os custos em US$ 17,6 bilhões, incluindo encargos financeiros. Do total de energia produzida, o Paraguai utiliza apenas 5% e vende ao Brasil os restantes 45%.

Números de tirar o fôlego

Itaipu possui 20 unidades geradores, cada uma com capacidade para abastecer uma cidade com população de 1,5 milhão de habitantes. Dados oficiais indicam que entre 1975 e 1978, mais de 9 mil casas e um hospital foram construídos nas margens do rio Paraná para abrigar os trabalhadores que construíam a usina. Foz do Iguaçu, hoje um dos 20 municípios mais ricos no ranking de cidades do inteiro do Brasil, era uma cidade com apenas duas ruas asfaltadas e cerca de 20 mil habitantes. Em dez anos, a população aumentou para 101.447 pessoas. Hoje possui cerca de 300 mil habitantes, e PIB estimado em R$ 6,7 mil por habitante. A obra de Itaipu levou 10 anos para ser concluída e reuniu ali cerca de 40 mil trabalhadores vindos de diversos estados brasileiros, e do Paraguai. Numa análise politicamente incorreta, o colunista chega à conclusão que nos dias hoje, Itaipu jamais seria iniciada e, se iniciada, jamais concluída. A pressão do fundamentalismo ecológico, e dos xiitas que enlouquecem com a possibilidade de que a cópula das lagartixas seja perturbada, ignoraria a possibilidade de recriar ecossistemas e preservar a natureza da forma como a Itaipu Binacional faz hoje, dando exemplo ao mundo.

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