Sexta-feira, 22 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 12 de junho de 2023
As brigas entre passageiros em voos de avião estão aumentando no Brasil.
Em 2022, foram registrados 585 casos de indisciplina de passageiros, um recorde nos últimos 4 anos e quase o dobro de 2019, antes da pandemia, mostra um levantamento da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear).
Segundo a Associação, o Brasil tem hoje, em média, 1 confusão por dia. Dentre as principais ocorrências estão: fumar no avião, vandalismo e comportamento agressivo.
Em julho do ano passado, por exemplo, um voo da companhia Delta Air Lines que ia de São Paulo para Nova York teve que fazer um pouso não programado, após um passageiro agredir uma comissária e outra pessoa a bordo.
A briga começou na madrugada, depois da decolagem do aeroporto em Guarulhos. O homem foi imobilizado. Pelos alto-falantes, o comandante do voo anunciou que faria um pouso não programado em San Juan, no Porto Rico.
Mas agir dessa maneira pode ter consequências. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) tem estudado a criação de uma lista para barrar o embarque de “barraqueiros”.
Hoje, uma lei brasileira já prevê o banimento do agressor de voos da companhia aérea por 1 ano. Há ainda um projeto de legislação que quer incluir prisão entre as punições. Entenda a seguir:
Legislação
Desde 2022, está em vigor a Lei 14.368, conhecida como a Lei do Voo Simples, que altera o Código Brasileiro de Aeronáutica e busca regulamentar as punições para passageiros indisciplinados.
Veja penalidades previstas:
As decisões de procedimentos durante o voo são tomadas pelo piloto, considerado o responsável pela segurança do voo e autoridade máxima pelo Código Brasileiro de Aeronáutica.
Um dos problemas para aplicar essas punições é que a lei não definiu ainda quais são os casos considerados gravíssimos. A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) divide da seguinte maneira:
Há ainda o Projeto de Lei 6.365, de 2019, que quer definir a violência abordo como um crime, com pena de reclusão de 1 a 2 anos, mais multa. O PL está apensado a outro do mesmo ano, o 3.111 e aguarda apreciação do plenário.
Aumento
O isolamento social gerado pela pandemia tem forte influência no aumento desses casos de violência em voos, explica o professor Sigmar Malvezzi, do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Para ele, a pandemia agrava um problema que já existia de desmanche das normas de conduta social.
Malvezzi explica que o ser humano está constantemente em uma busca por reconhecimento e prazer e que isso foi prejudicado quando o convívio em sociedade foi cortado, aumentando a pressão nas pessoas.
No avião, essa mesma questão é reproduzida: “Você não pode se mexer, você não pode levantar da cadeira e dar uma voltinha, esticar as pernas frequentemente. Então esse tipo de situação aumenta a frustração do indivíduo”, afirma.
Essa situação faz a pessoa se sentir ameaçada e que sua liberdade está sendo limitada. É aí que ela perde o controle e explode. Para ele, se trata também de um problema social, em que a tolerância está menor e qualquer limite imposto gera esse sentimento.
No Ar: Pampa Na Madrugada