Sexta-feira, 10 de Janeiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 9 de janeiro de 2025
A luta contra a obesidade e a busca por uma vida mais saudável envolvem mais do que perda de peso. Especialistas em endocrinologia e outras áreas destacam que as medidas para emagrecimento só têm sucesso a longo prazo quando acompanhadas de bons hábitos e monitoramento médico constante. Isso inclui adotar uma alimentação equilibrada, manter-se ativo fisicamente e, em casos específicos, recorrer a medicamentos ou intervenções como a cirurgia bariátrica.
Segundo Luiz Vicente Berti, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica, a obesidade é uma doença crônica e recidivante que exige um tratamento continuado. “Todas as vezes em que colocamos o corpo em estresse, ele se defende. E essa defesa, no caso da obesidade, está ligada ao comportamento de consumir mais calorias e gastá-las menos”, explica Berti. Ele reforça que não se trata de culpa do paciente, mas de uma condição que precisa ser gerenciada com cuidado.
Pesquisas também apontam para fatores biológicos que dificultam a manutenção do peso. Um estudo publicado na revista “Nature” sugere que as células de gordura possuem uma “memória” que facilita o reganho de peso após dietas restritivas. Além disso, pesquisa da Universidade de Yale indica que pessoas com obesidade ou sobrepeso podem ter dificuldade em perceber a saciedade devido a uma falha nos mecanismos cerebrais de resposta a carboidratos e gorduras.
Ricardo Cohen, presidente da Federação Internacional de Cirurgia da Obesidade e Distúrbios Metabólicos (IFSO), enfatiza a importância de um estilo de vida saudável aliado ao acompanhamento médico. “Mesmo quem usou medicamentos ou passou por cirurgia precisa de um monitoramento constante. A obesidade é uma doença que tem tratamento, mas não cura, e os cuidados são necessários para todos”, afirma.
O uso de medicamentos, como os análogos de GLP-1 (Wegovy e Ozempic), está ganhando espaço nos consultórios, apesar de ainda haver resistência. Bruno Geloneze, professor de endocrinologia da Unicamp, explica que o tratamento antiobesidade deve ser sustentável. “Ao retirar os medicamentos, torna-se um sacrifício. E sacrifício tem hora para acabar”, diz. Ele reforça que dietas muito restritivas podem gerar insatisfação e reganho de peso.
A literatura recente também vem desmistificando a ideia de que o emagrecimento requer medidas drásticas. O livro “Dessa vez vai dar certo”, de Adam Bornstein, defende que o sucesso está em estratégias simples e consistentes. Segundo ele, “o importante é que os novos hábitos sejam sustentáveis e promovam prazer, saúde e saciedade”.
Enquanto isso, no mercado brasileiro, avançam as opções de tratamento para obesidade. No entanto, os especialistas alertam que o combate ao excesso de peso não deve ser encarado como uma luta individual, mas como uma condição de saúde que requer suporte integral. A integração entre mudanças de hábitos, acompanhamento médico e apoio emocional é essencial para garantir resultados duradouros.
Os avanços na compreensão da obesidade mostram que, para além de uma abordagem focada no emagrecimento, é necessário tratar a doença com um olhar holístico. A combinação de alimentação equilibrada, atividade física e suporte médico adequado é o caminho mais indicado para enfrentar os desafios impostos pela obesidade, promovendo não apenas a perda de peso, mas também a qualidade de vida.
No Ar: Pampa Na Madrugada