Sábado, 23 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 28 de fevereiro de 2022
Não será uma revelação tão avassaladora capaz de abalar o ânimo de um viajante, mas saiba que, ao pisar pela primeira vez na cidade do Porto, você descobrirá que o vinho homônimo não é produzido, nem engarrafado e muito menos envelhecido por lá.
Na verdade, é preciso atravessar a famosa ponte Dom Luís I (de preferência à pé), sobre o Rio Douro, e chegar à outra margem, já na cidade de Vila Nova de Gaia, para se aprofundar no assunto. E motivos para isso não faltam.
O vinho e a cidade do Porto
Para começar, é lá que são feitos os tradicionais tours com direito à degustação nas caves centenárias que ainda armazenam parte do Vinho do Porto. E se já era divertido ir até lá para ver o skyline da cidade do Porto do outro lado do Rio Douro, a experiência ficou ainda melhor com a inauguração do World of Wine (WOW), em Portugal.
É nesse complexo de museus e restaurantes, erguido recentemente em meio a antigos armazéns de vinícolas, que você descobre que as videiras que produzem o Vinho do Porto ficam, na verdade, longe dali, cerca de 100 km rumo ao interior. Elas reinam absolutas nas escarpas do Alto Douro, uma das regiões mais inebriantes do mundo, tombada pela Unesco como Patrimônio da Humanidade.
No WOW, também contam a você que o primeiro registro de embarque com a designação informal do Vinho do Porto ocorreu em 1678. Àquela época, uvas como touriga nacional, tinta cão e tinta roriz já eram colhidas à mão e processadas nas cantinas das cidades de Pinhão e Régua. Durante a produção, tinham a fermentação interrompida para receberem cerca de 20% de aguardente vínica, criando o que, com o tempo, transformou-se em um dos vinhos mais apreciados do planeta.
Ao longo dos anos, para ser exportada para outros países, sobretudo os do Reino Unido, onde se popularizou, a bebida passou a ser transportada Douro abaixo por folclóricos barcos chamados de rabelo até chegar à cidade do Porto, bem pertinho de foz no Oceano Atlântico.
Uma vez lá, eram estocadas em Vila Nova de Gaia para envelhecer. Da cidade do Porto, portanto, o famoso vinho local roubou apenas o sobrenome de uma cidade que já era consagrada, mas cuja ligação com a produção sempre foi a de apenas oferecer o selo de partida para que a bebida ganhasse o mundo.
World of Wine
Histórias à parte, vale saber que o WOW vai muito além de educar o viajante a respeito do mundo do vinho. Oficialmente inaugurado em meados de 2020, o complexo vem despertando a atenção dos viajantes com a volta do turismo em massa para a região do Porto, tornando-se uma das atrações mais visitadas da região.
“Há muitas experiências aqui para os apreciadores de vinhos ou mesmo para quem deseja apenas se aprofundar na cultura portuguesa. Investimos mais de 107 milhões de euros no projeto de revitalização e construção dos espaços do complexo, isso sem contar os terrenos que já eram nossos”, comenta Adrian Bridge, CEO da Fladgate Partnership, proprietária do WOW, de hotéis de luxo e de diversas marcas de vinho em Portugal, entre elas Taylors, Fonseca, Krohn e Croft.
Adrian é visto hoje como um dos maiores fomentadores da nova indústria do turismo em Vila Nova Gaia. Primeiro, o empreendedor foi pioneiro na hotelaria de luxo ao erguer o hotel de luxo Yeatman, que tem a vista mais bela da cidade do Porto.
Museus do vinho
Entre os museus do WOW, o que mais se destaca é o The Wine Experience, uma vez que ele é didático e leve ao mesmo tempo, deixando de lado qualquer ar esnobe. Amplo e atraente, o espaço aposta na interatividade, com pequenos desafios e jogos de conhecimento a respeito das regiões vitivinícolas de Portugal e do mundo. Há salas que provocam os sentidos ao propor, por exemplo, uma identificação dos aromas mais característicos dos vinhos.
Das amostras dos mais variados tipos de solos e castas aos processos de vinificação, tudo é abordado em detalhes por lá. Destaque para a explicação a respeito das diferenças entre terroir, com um mapa mundi das regiões vinícolas, e também para a imersão nos vinhos portugueses.
Escola de vinho
Os museus do WOW focam educação, mas quem quiser se aprofundar ainda mais no universo do vinho pode passar pela The Wine School. Isso porque, no espaço, são realizados workshops e degustações conduzidas, tanto para leigos como para enófilos já com certa ‘litragem’ no sangue. No futuro, a ideia é transformar o local em referência na formação de profissionais com certificações reconhecidas pelo mercado.
Para os viajantes que estão apenas de passagem pela cidade do Porto e pela Vila Nova de Gaia, a dica é fazer um pequeno curso de duas horas chamado “Desmistificar o Vinho”, que inclui cinco provas de rótulos e ensina o “básico do básico” da bebida, de forma didática. A experiência custa 30 euros.
Restaurantes do WOW
O WOW não é apenas um quarteirão cultural dedicado ao vinho, mas também um lugar para comer bem – e, de preferência, com boas harmonizações. Afinal, há 12 restaurantes no complexo, sendo que sete deles ficam no entorno da praça central. Ali, o acesso é gratuito até mesmo para quem deseja somente passear, o que é altamente indicado por conta das vistas oferecidas para a cidade do Porto.
Para os amantes das carnes, um dos melhores endereços do pedaço é o 1828, que serve cortes típicos região do Minho e da Galícia, ótimos para serem acompanhados por Vinhos do Porto. O The Golden Catch, por sua vez, tem como estrela do cardápio o bacalhau.
Na hora de fazer um brinde, quem desponta como melhor escolha é o Ange’s Share. Com ambiente sofisticado, o bar oferece uma vista privilegiada do Douro. Na carta, além de coquetéis signatures, há um vasto repertório de vinhos servidos em taça, um dos mais ecléticos da região da cidade do Porto.
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