Domingo, 22 de Dezembro de 2024

Home Tito Guarniere PRF e ações de confronto

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A Polícia Rodoviária Federal já foi uma instituição amigável e eficiente. Modernizada, vinha cumprindo de forma exemplar a missão relevante e difícil: cuidar do tráfego e da segurança nas estradas brasileiras.

Claro, também se ocupava na criminalidade nas rodovias federais – tráfico de drogas e armas, contrabando, sonegação, roubo de cargas. Nunca, até bem pouco tempo, se havia envolvido na repressão direta, em confrontos armados com a bandidagem.

Agora, para ficar em dois exemplos recentes, a PRF entrou arrombando a porta em operações desastrosas: Jacarezinho e Vila Cruzeiro, ambas no Rio de Janeiro. Nas duas agiu como polícia de choque, força auxiliar da Polícia Civil e Militar do Rio de Janeiro e Polícia Federal.

Nos dois eventos, foram mortos mais de 50 bandidos ou supostos bandidos. Para sorte – ou sabe-se lá por quais razões – nenhum dos agentes de segurança do Estado foi morto, sequer ferido.

Segundo o relato de um oficial que participou do tiroteio de Vila Cruzeiro, os agentes do Estado foram obrigados a reagir com todo o potencial de ataque, porque os bandidos responderam à bala e estavam munidos de equipamentos e armas pesadas.

Os bandidos se revelaram de má pontaria e os armamentos pesados de nada serviram: não feriram ou mataram nenhum policial. O mesmo, exatamente o mesmo, já havia acontecido no massacre de Jacarezinho, também no Rio, há um ano atrás.

Nem precisa dizer – apesar das promessas de investigação “rigorosa”- que não se sabe o que de fato aconteceu nos dois episódios trágicos. As investigações de chacinas policiais raramente chegam ao seu final, a não ser pelo esquecimento.

Há um contingente enorme de pessoas que aceitam a filosofia macabra de que bandido bom é bandido morto. Têm uma noção distorcida do que seja justiça, civilização. Acham que direitos humanos são uma forma de proteger malfeitores, quando eles existem inversa é exatamente para proteger os cidadãos de bem.

Nunca ouviram ou prestaram atenção no princípio de que há mais justiça em dez criminosos à solta do que um único inocente na cadeia. Não sabem que a presunção de inocência é um pináculo do estado de direito e da democracia. Quantos, dos mais de 50 mortos de Jacarezinho e Vila Cruzeiro, e de outras chacinas, morreram com a ficha criminal limpa e sem antecedentes?

Quadrilheiros armados devem ser tratados com rigor máximo, mas dentro dos protocolos legais existentes em operações da espécie. Se partir para o vale-tudo da bandidagem, em breve ninguém mais saberá quem está do lado do bem ou do mal. Esse é o sentimento dominante em muitas comunidades pobres das grandes cidades do país.

Quanto à PRF, que volte para as tarefas essenciais para as quais foi criada e existe. Que, no que se refere à criminalidade nas estradas, se concentre nas tarefas de informação e inteligência. Que outras forças especializadas se ocupem da repressão direta e frontal.

Leva-se anos para construir uma imagem positiva de uma instituição como a PRF. Bastam breves desvios, poucas ações mal pensadas e mal executadas, para decair no conceito dos seus concidadãos.

titoguarniere@outlook.com

Twitter : @TitoGuarnieree

 

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