Quinta-feira, 21 de Novembro de 2024

Home em foco Primeiro-ministro do Japão afirmou que vai buscar uma relação de sinergia com o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump

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O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, afirmou nesta terça-feira que deseja manter uma relação de sinergia com o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, diante da possibilidade de uma guinada isolacionista na política externa americana. Shigeru, em entrevista coletiva no Rio de Janeiro, após a cúpula do G20, defendeu as instituições multilaterais, e sinalizou o desejo de fortalecer parcerias de segurança na Ásia e Pacífico, diante de um ambiente que considerou ser cada vez mais complexo.

Para Shigeru, no cargo desde o começo de outubro, é necessário manter a cooperação entre Tóquio e Washington, de forma a “proteger os interesses japoneses e os interesses americanos”.

“Em termos de estruturas de segurança de EUA e Japão, cada um tem o seu papel a cumprir, e essa é uma aliança única no mundo, não pode ser algo decidido de forma unilateral. Precisamos cumprir várias obrigações e temos um histórico de manutenção de paz na região”, disse Shigeru.

Mesmo antes de sua vitória sobre Kamala Harris no começo do mês, Trump tem demonstrado pouco apreço pelo multilateralismo, que era uma das bases da política externa de seu antecessor, Joe Biden. No poder, o democrata trabalhou para o estabelecimento e o fortalecimento de mecanismos como o Quarteto, formado por Japão, Índia, EUA e Austrália, que tem como principal objetivo informal conter o avanço militar da China, uma ideia resumida no conceito do “Indo-Pacífico livre e aberto”.

“Quero obter o entendimento do sr. Trump [sobre os mecanismos multilaterais de defesa]. Veremos quando o próximo governo começará a lançar suas políticas e entender em que pontos podemos construir nossas relações com o próximo governo”, disse o premier.

Dificuldades

Na reunião do G20 e na cúpula da Apec, em Lima, Shigeru Ishiba ressaltou as dificuldades do atual cenário de segurança enfrentado pelo Japão no Leste da Ásia. Os frequentes lançamentos de mísseis pela Coreia do Norte, assim como a crescente parceria com a Rússia, foram levantados em reuniões bilaterais com Biden, com o presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, e com os líderes da Itália, Giorgia Meloni, e do Reino Unido, Keir Starmer, com quem reiterou o projeto conjunto de desenvolver um caça de nova geração.

“Eu enfatizei a importância de uma ordem internacional livre e com base no Estado de direito”, disse Ishiba, citando seu desejo de ver o fim da guerra na Ucrânia, e defendendo mudanças nas instituições internacionais, como a ONU. “No G20, eu apontei para a incapacidade do atual Conselho de Segurança da ONU para enfrentar esses desafios, e sugeri que o papel da Assembleia Geral da ONU seja examinado”.

Ao lado de Brasil, Índia e Alemanha, o Japão integra um grupo chamado de G4, que defende a expansão do Conselho de Segurança para incluir os quatro países como membros permanentes do órgão — a iniciativa, contudo, encontra resistência de países como a Itália. Nessa terça-feira, Giorgia Meloni voltou a atacar a proposta em entrevista à imprensa italiana.

O premier destacou ainda sua defesa de algumas das propostas levantadas pela presidência brasileira do G20, como o combate à fome e à pobreza, assim como a redução das emissões de gases estufa, a digitalização da economia e gerenciamento de desastres naturais: sendo um país atingido por frequentes terremotos devastadores e tempestades que causam grandes estragos humanos e materiais, Shigeru ofereceu a experiência japonesa para amparar países que se veem cada vez mais expostos às catástrofes climáticas.

“O Japão pretende estabelecer sua liderança nesses assuntos, e vamos estreitar a ligação com o Sul Global. Temos liderado a promoção do desenvolvimento econômico sustentável e, em um tema que é importante para o Brasil, conbater a fome e a pobreza, manter um suprimento estável de energia e conduzir uma transição energética”, disse o premier.

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