Sábado, 23 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 8 de dezembro de 2022
Nesta quinta-feira (08), a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) apresentou o balanço de 2022 do setor e as projeções para o ano que vem. No evento, a entidade demonstrou preocupação com alguns itens da pauta do próximo Governo Federal, como questões econômicas e a garantia do direito à propriedade.
Na ocasião, o presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, destacou o papel do Brasil no cenário internacional. “Este ano eu passei cerca de cinquenta dias no exterior, entre mundo árabe, Ásia, Cop-27 e mais os giros pela América do Sul, e o Brasil segue sendo um país extremamente necessário às soluções alimentares do mundo nos dias de hoje”, garantiu.
Gedeão também falou sobre o sentimento dos produtores. “Nós todos somos brasileiros, vivemos nesta pátria, e eu tenho orgulho quando saio lá fora e vejo o quanto nosso setor é importante. Possivelmente estejamos produzindo alimentos para mais de 1,5 bilhão de pessoas neste mundo”, avaliou.
Sobre o cenário regional, Gedeão lembrou do impacto da seca na economia do estado, mas destacou o trabalho e a resiliência do produtor. “E para compensar um pouco as dificuldades do verão passado, que viemos de uma seca e de uma quebra importante, estamos colhendo agora a maior safra de trigo da história do Rio Grande”, ressaltou.
Economia
Na apresentação feita pelo economista-chefe da Farsul, Antonio da Luz, ele recordou que a estiagem que atingiu a última safra foi responsável pela perda de 31,6% da produção gaúcha. Somente na soja, o impacto foi de 54%. Assim, com a normalidade climática, a expectativa para a próxima safra é de resultados positivos.
“Um destaque foi a redução da área das lavouras de arroz, se adequando ao mercado que o grão vive. Houve aumento no milho, na soja, e um grande crescimento no trigo. Fizemos uma conta e vimos que estamos crescendo em uma área conhecida, ocupando melhor o inverno, que, aliás, é justamente o principal objetivo do programa Duas Safras”, comentou.
O economista anunciou que, se tudo ocorrer com normalidade, o estado irá colher em 2023, pela primeira vez na história, mais de 40 milhões de toneladas. O faturamento dos produtores também deverá ter crescimento. A soma de toda a produção deve girar em torno dos R$ 140 bilhões.
Para a economia nacional, a projeção da equipe econômica é que o PIB de 2022 tenha um crescimento de 2,92% em 2022 e 0,73% em 2023. Já para o Rio Grande do Sul, a estimativa é de uma queda de 3,64% em 2022 e alta de 5,86% no ano que vem. Na agropecuária gaúcha, o movimento deve ser de queda de 53% neste ano e de crescimento de 59% em 2023 – impacto direto da estiagem na economia gaúcha.
O economista ainda falou sobre a preocupação com as definições econômicas que podem ser adotadas pelo próximo Governo Federal. “Às vezes olhar, criticar e comparar é uma forma de contribuir”, disse. Luz ressaltou que após o Plano Real, em 1999, foram estabelecidas regras que garantiram a estabilidade econômica do país: o chamado Tripé Macroeconômico, formado pela Âncora Fiscal, Metas de Inflação e Câmbio Flutuante. E essas regras foram mantidas durante o primeiro mandato de Lula na presidência, que tinha uma equipe econômica ortodoxa.
Já em seu segundo mandato, houve a troca na pasta com a entrada de Guido Mantega, quando surge a adoção da Nova Matriz Econômica, que acabou direcionando o país para uma crise econômica que culminou no governo Dilma Rousseff, que manteve Mantega na cadeira.
Foi nesse período que aconteceu a desmoralização da âncora fiscal e a geração do déficit primário. “Costumamos culpar muito a Dilma, mas não podemos esquecer que no primeiro ano o seu governo já bateu no teto da meta, e a culpa não foi dela, não foi ela quem fez o orçamento”, comentou Luz. Sendo assim, a principal preocupação da federação está em saber qual caminho será tomado pela equipe econômica do governo Lula em sua terceira passagem pela presidência.
No Ar: Pampa Na Madrugada