Sábado, 23 de Novembro de 2024

Home Agro Programa Campo Futuro confirma alta elevada nos custos de produção

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De 29 de maio a 2 de junho, técnicos da Farsul, CNA e Esalq-Cepea realizaram a rodada da coleta de dados para levantamentos de custos de produção das cadeias de grãos do programa Campo Futuro. Os painéis aconteceram em Carazinho, Cruz Alta, Tupanciretã, Uruguaiana, Bagé e Camaquã para as culturas de soja, milho, trigo e arroz e contaram com a participação de produtores rurais e representantes de sindicatos.

Os levantamentos apontaram margens apertadas para as atividades, considerando a seca que atingiu em vários níveis os municípios visitados. A produtividade média da soja variou de 18 sacas por hectare, em Bagé, até 37 sacas em Camaquã e Carazinho. De forma geral, a expectativa de colheita era de mais de 60 sacas.

Em relação ao arroz, a produtividade esperada de 180 sacas por hectare não foi atingida em Uruguaiana, que colheu 160 sacas. Já o trigo surpreendeu os produtores de Carazinho e Cruz Alta, que colheram safras recordes. Por outro lado, os insumos pesaram nos custos de produção, principalmente para os fertilizantes e herbicidas. Em Carazinho, os fertilizantes para o milho subiram 68% e os herbicidas para a soja, 146%.

O economista da Farsul e responsável pelo levantamento no estado, Ruy Silveira, destaca que os resultados desta safra foram ainda mais difíceis em termos financeiros do que os da safra anterior. “Embora em termos de produção, da quebra de safra, esta não foi tão grande quanto a anterior, ela se espalhou mais, foi bem mais uniforme. Não teve uma região que foi atingida e outras não sofreram nada. Foi bem ampla, a gente viu que em todas as regiões tiveram quebras significativas”, avaliou.

Ele chama a atenção para o aumento dos custos que, em algumas regiões chegou a 30% em média. “Ele subiu demais e a receita vem numa queda muito grande. Ou seja, a gente planta uma safra com custo alto e comercializa numa safra já com perdas a um valor em queda. Esse foi o pior cenário que a gente poderia imaginar para a estiagem que aconteceu. Foi, em resumo, muito mais crítico do que no ano passado”, descreve.

Em relação ao trigo, Silveira classificou como um ano singular. “Foi o melhor ano que a gente já viu da série histórica, embora os custos estejam extremamente elevados. O que identificamos nas regiões, principalmente, em Carazinho e Cruz Alta, foi que a produtividade foi ótima, histórica. Foi um inverno muito frio e seco. A chuva que faltou no início da safra de verão foi o que ajudou o trigo no período de colheita”, explicou.

O economista comentou que em Carazinho, por exemplo, os produtores conseguiram cobrir os custos das lavouras de trigo e garantiram uma média de R$ 600 por hectare, “o que é muito considerável para a realidade do trigo. Em Cruz Alta o negócio ficou bem mais apertado, mas, mesmo assim, sobrou cerca de R$ 100 de margem e em Tupanciretã, que é outro levantamento que a gente também tem de trigo, quebrou. Não pagou nem o custo operacional”, ponderou.

Silveira também ressalta que as regiões onde o levantamento considera apenas uma cultura como Bagé, com soja e Uruguaiana, com arroz a pressão sob o caixa foi maior por não haver outra cultura para dar suporte. 

“Já no caso de quem tem safra de inverno, ele conseguiu trabalhar um pouco melhor o caixa dele. O trigo acabou contribuindo mais nos custos fixos, colaborando melhor na questão de fluxo de caixa e o arroz a mesma coisa. Como a soja tem o preço em queda e o arroz tem um preço um pouco sustentado ainda, eles podem comercializar o arroz. O trigo também, que está num preço mais interessante em termos históricos comparado com a soja. Quem tem outras culturas conseguiu ter um pouco mais de resiliência em comercializar. No geral, o que a gente tira é que esta foi, definitivamente, a safra com os piores problemas econômicos e financeiros já avaliados na última década”, alertou o economista.

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