Quinta-feira, 02 de Janeiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 29 de dezembro de 2024
Enquanto milhões de pessoas aguardam ansiosamente a contagem regressiva para a virada do ano, para a designer Patrícia Marins, de 28 anos, o momento é de preocupação. Mãe de três gatos — EIvaristo, Pérola e Oswaldinho —, ela evita sair de casa no Réveillon para proteger seus pets dos impactos dos fogos de artifício barulhentos.
“Já perdi as contas de quantos anos passei dentro de casa. Não é porque eu quero, mas porque preciso proteger meus gatos. Eles ficam tão assustados que tenho medo de algo grave acontecer, até de morrerem de susto”, relata.
Patrícia tem uma rotina específica para minimizar os efeitos dos fogos nos animais. “Antes de começarem, coloco uma música bem calma, que eles já conhecem, para tentar desviar a atenção dos estampidos. Depois, fico com eles em um quarto tranquilo, na cama. Acabo perdendo as comemorações, mas o mais importante é manter a vida e a saúde mental deles”, explica.
Para ela, a proibição dos fogos com estampido seria essencial para garantir o bem-estar de pessoas e animais. “Esses fogos barulhentos não fazem a menor diferença na vida de ninguém, pelo contrário, só atrapalham. Afetam animais que chegam a morrer de susto, pessoas com autismo, pessoas com deficiência… Os fogos brilhantes já são suficientes para celebrar o ano novo”, defende.
A questão dos fogos de artifício barulhentos é cada vez mais debatida, com leis sendo discutidas para restringir o uso e multar quem descumpre as proibições. Para Patrícia, medidas como essas não apenas protegem os animais, mas também garantem mais tranquilidade para famílias que precisam lidar com o impacto negativo dessa prática. “Espero que um dia as pessoas entendam que o brilho é mais do que suficiente para celebrar. Não precisamos do barulho para fazer uma festa bonita.
Dricka foi uma das vítimas dos fogos de artifício e da maldade humana. No Réveillon de 2018, ONG Paraíso dos Focinhos, recebeu uma mensagem pedindo socorro. Alguém havia prendido um rojão ao corpo de Drika, uma cadelinha que vivia abandonada na rua do Rio de Janeiro.
Drika tentou tirar o rojão e perdeu parte da mandíbula com a explosão do fogo de artifício. Ela sofreu queimaduras graves pelo corpo, perdendo o rabo e parte do ânus. Drika foi resgatada pela ONG Paraíso dos Focinhos, passou por cinco cirurgias, a recuperação foi difícil e dolorosa.
A cadelinha chegou a viver anos de alegria e amor abrigada na ONG. Dricka morreu aos 14 anos e sempre foi símbolo de resistência e fé. “É urgente que a sociedade comece a repensar as celebrações e que se busquem alternativas mais humanitárias e seguras. Precisamos garantir que as festividades não sejam um motivo de sofrimento para os animais”, declara Hanri Soares, presidente da ONG Paraíso dos Focinhos.
Quatro vezes mais
A veterinária Raquel Muller Soares explica que os animais escutam até quatro vezes mais que os seres humanos e, por não conseguirem compreender os estrondos, entram em pânico. “Esses sons imprevisíveis e extremamente altos podem desencadear um quadro de estresse agudo nos animais. Isso leva a comportamentos como tremores, salivação excessiva, respiração acelerada e tentativas de fuga, que podem resultar em acidentes ou até na morte dos pets”, alerta.
Além do estresse emocional, os fogos barulhentos podem causar uma série de problemas físicos e comportamentais graves, como:
– Estresse e ansiedade: O barulho alto e inesperado pode desencadear pânico, levando a tremores, respiração ofegante, salivação excessiva e tentativas de fuga, que podem resultar em ferimentos.
– Comportamento destrutivo: Muitos animais, ao tentar se esconder ou fugir, acabam destruindo móveis, portas ou outros objetos. Alguns chegam a se ferir gravemente durante essas tentativas.
– Problemas de saúde: O estresse intenso pode causar aumento da pressão arterial, ataques cardíacos em animais mais velhos ou com doenças preexistentes, e até perda de apetite.
– Danos auditivos: O som muito alto pode causar lesões temporárias ou permanentes na audição dos animais.
– Traumas de longo prazo: Exposições frequentes aos fogos podem criar fobias severas, dificultando a convivência com outros ruídos altos, como trovões.
“Esses danos não são apenas passageiros. Muitos animais ficam traumatizados, desenvolvendo reações extremas a qualquer som alto no futuro. É algo que poderia ser evitado com a conscientização e o uso de alternativas como os fogos luminosos, que não produzem ruídos”, reforça Raquel. As informações são do jornal O Dia.
No Ar: Show de Notícias