Quarta-feira, 30 de Outubro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 19 de fevereiro de 2024
Em uma de suas últimas entrevistas concedidas antes de morrer, o empresário Abilio Diniz sentou na cadeira do seu próprio programa, o Caminhos, da CNN Brasil, em 17 de dezembro do ano passado. Na ocasião, com bom humor, Abilio falou sobre envelhecimento, legado e como esperava ser o momento de sua partida.
“Eu amo a minha vida, amo aquilo que eu faço. Eu já disse para a minha mulher e para os meus filhos. Quando eu morrer, não quero aquela turma ‘ah, coitado’. Põe a música do Gonzaguinha, que (diz) ‘viver é não ter a vergonha de ser feliz, cantar e cantar a alegria de ser um eterno aprendiz’, que eu sou. Põe lá e deixa rolar. (…) E (também), isso a minha mulher disse que não vai fazer, que Deus não ia gostar, coloca na minha lápide: ‘estou aqui, mas eu vim contra a vontade’”, brincou o empresário.
Em outro trecho da entrevista, Abilio, um dos maiores empresários do País, respondeu se pensava sobre o legado que iria deixar para posteridade.
De forma direta, disse não refletir sobre o assunto, mas focar no “aqui e no agora”. A fala foi compartilhada em suas redes sociais.
“Eu nunca me preocupei com legado, eu gosto do aqui e do agora. Pensar no que eu vou deixar? Eu não vou ver, nem nada. Eu quero saber é o que eu estou dando agora, o que eu estou fazendo. O que eu faço no meu trabalho, nos meus esportes, na vida com a minha família, que é a coisa mais importante. Isso para mim é o importante. O para frente, o que eu vou deixar, deixa para lá”, falou.
O empresário morreu no domingo (18), em São Paulo, aos 87 anos. Conhecido por ter transformado o Grupo Pão de Açúcar na maior rede varejista do País, Abilio estava internado no hospital Albert Einstein, vítima de insuficiência respiratória em função de uma pneumonite. Ele deixa cinco filhos, esposa, netos e bisnetos.
Filho de Valentim e Floripes, Abilio Diniz nasceu no bairro do Paraíso, na Zona Sul de São Paulo, em dezembro de 1936. Primeiro de seis filhos de uma família de origem portuguesa, viveu nos fundos de uma mercearia.
Em 1948, ainda menino, ajudou o pai na abertura de uma doceria, chamada Pão de Açúcar. Era o início da construção de um império em homenagem ao cartão-postal do Rio de Janeiro, primeira imagem que o pai avistou ao chegar ao Brasil de navio.
Formado em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Diniz pensou em se especializar nos Estados Unidos, mas o convite do pai falou mais alto, e em 1959, abriram a primeira loja do Pão de Açúcar, na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, no coração de São Paulo.
No final dos anos 1960, já eram mais de 60 lojas em 17 cidades.
Em 1971, Diniz inaugurou o Jumbo, primeiro hipermercado do Brasil. Cinco anos depois, com empréstimo do BNDES, comprou a Eletroradiobraz, e seguiu comprando, crescendo e inovando.
Diniz também foi o primeiro a criar supermercado em shopping e a abrir suas lojas 24 horas. Foi um dos fundadores da associação brasileira de supermercados e foi um dos pioneiros na criação de programas de trainees do Brasil, uma maneira de recrutar e treinar talentos nos negócios.
No Ar: Pampa Na Tarde