Quarta-feira, 27 de Novembro de 2024

Home Saúde Remédio Ozempic para emagrecer vira “hit” na Internet e preocupa especialistas

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Com ou sem supervisão médica, muitos brasileiros estão fazendo o uso de Ozempic, medicação para tratamento de diabete, com uma outra finalidade: a perda de peso, um dos seus possíveis efeitos colaterais. Circulam nas redes sociais relatos de pessoas dando dicas sobre o produto, sem nenhuma orientação de profissionais da saúde, o que traz riscos. Não há medicamentos milagrosos, destacam os médicos, e qualquer tratamento contra obesidade e sobrepeso deve estar associado à adoção de hábitos saudáveis.

A medicação injetável tem alto custo (com preço a partir de R$ 800 uma caixa) e também tem atraído famosos, como a apresentadora Jojo Todynho, que publicou um vídeo contando sobre sua experiência com o Ozempic. Muitos médicos costumam prescrever a medicação de forma off label, ou seja, quando se indica ao paciente que use a droga para um fim para o qual ela não foi aprovada. O fármaco tem aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para tratamento da diabete tipo 2, exclusivamente, e o uso para perda de peso é feito por conta e risco das pessoas.

Uma das consequências apontadas por quem usa o medicamento ficou conhecida nas redes sociais como “Ozempic face”. Trata-se de perda excessiva de massa magra na face, que contribui para dar um aspecto de envelhecimento. No TikTok, já foram publicados milhões de vídeos com a hashtag #ozempicface, mostrando o efeito. Segundo a médica dermatologista Juliana Catucci Boza, porém, a causa não é a medicação em si. “O processo de envelhecimento é multifatorial e ocorre com o decorrer dos anos, com diversos fatores interferindo.”

A dúvida é: o Ozempic emagrece? Tecnicamente, não. A medicação tem como princípio ativo a semaglutida, substância análoga ao hormônio GLP-1, que o intestino produz quando a pessoa ingere alimentos. Assim, estimula a produzir hormônios digestivos antecipadamente, evitando que o nível de glicose se eleve. Essa substância também controla o apetite, regulando o nível de saciedade no cérebro. O que acontece é que, com a aplicação da droga, a pessoa sente menos fome e acaba ingerindo menos alimentos, consequentemente. É o que explica Fernando Gerchman, diretor do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

De acordo com ele, contudo, o emagrecimento não acontece magicamente. Ele ressalta que “os pacientes devem associar o uso da medicação a uma mudança no estilo de vida, praticando atividade física e incorporando uma dieta equilibrada”. “Esse suporte nutricional vai contribuir para não haver aumento da flacidez na pele, inclusive.” No caso de pessoas com obesidade, o endocrinologista afirma que, em primeiro lugar, é necessário fazer uma avaliação ampla, para identificar o que levou a esse problema e verificar as complicações de saúde. Assim, a pessoa será encaminhada para um tratamento específico.

Segundo Fernando Gerchman, o grande risco é a pessoa se auto medicar, sem orientação de profissionais e a realização de exames. “Sabemos que até 2,4 mg a semaglutida oferece segurança e não tem riscos cardiovasculares, embora a medicação esteja associada a alguns efeitos colaterais, como náusea, refluxo, vômito, constipação e a possibilidade de causar pedra na vesícula. Mas a substância foi aprovada nesta dose, somente”, diz o endocrinologista. Há algumas contraindicações: não deve, por exemplo, ser adotado para tratamento da diabete tipo 1. Antes de utilizá-lo, também é preciso verificar se a pessoa é alérgica à semaglutida ou a outras substâncias do remédio.

A Novo Nordisk, fabricante do Ozempic, recomenda “sempre consultar um médico antes de iniciar tratamento de semaglutida injetável para diabete tipo 2, e as decisões de tratamento devem ser feitas com base no julgamento clínico do profissional de saúde e com base em uma avaliação dos benefícios versus riscos da terapia no paciente”. No início de março, a farmacêutica já havia divulgado uma carta à imprensa destacando que “não endossa ou apoia a promoção de informações de caráter off label, ou seja, em desacordo com a bula”. “O Ozempic, aprovado e comercializado no Brasil para diabete tipo 2, não possui indicação aprovada pelas agências regulatórias nacionais e internacionais para obesidade.”

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