Sábado, 21 de Dezembro de 2024

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Na reta de chegada e pelas pesquisas eleitorais, há dois resultados possíveis na eleição presidencial : a vitória de Lula no primeiro turno ou uma segunda volta com Lula e Bolsonaro.

Nos comitês de campanha os pelos estão eriçados. É provável que os ânimos se tornem ainda mais exaltados, que os graus de violência política se acentuem, que os ataques recíprocos ganhem intensidade e as fakes se multipliquem – “vantagem” para o bolsonarismo, mais treinado nessas táticas cujo espaço privilegiado são as redes sociais.

O que parece pouco provável é que Bolsonaro venha a reverter em tão pouco tempo os índices de rejeição que não desgrudam dele, acima dos 50%. O presidente paga a conta dos seus equívocos, de seu gênio destemperado, do apego fogoso a crenças duvidosas (quando não francamente falsas), da vocação para o conflito, da compulsão mentirosa, da falta de empatia.

Também são notáveis os índices de rejeição a Ciro Gomes. Candidato a presidente pela quarta vez, não aprendeu nada e desaprendeu o que sabia. Por onde ele passa – na minha conta já foram sete partidos – ele vai deixando um rastro de intrigas e animosidade. É daqueles sujeitos que, para realçar as próprias e supostas virtudes, desmerece e ataca os demais.

Lula trafegou bem ao longo da campanha. Às vezes derrapou em certas declarações descuidadas. Pareceu, em algum momento, ter perdido o antigo brilho. Não faltou dos adversários um esforço concentrado para desaboná-lo, pelo lado da corrupção. Mas tinha gordura para queimar. O que poderia ser lido como o discurso de um político envelhecido, que não se renovou, para outros tantos, em muito maior número, ele personificava a fidelidade a um projeto de inclusão social e de compromisso com os desvalidos. Chegou inteiro e fortalecido no fim da corrida.

As novidades da campanha foram as mulheres, Simone Tebet e Soraya Thorndike. Com uma linguagem mais arejada e firmeza nas posições, mostrando preparo e conteúdo, foram os destaques nos debates presidenciais. Com mais tempo e se tivessem o apoio decidido dos seus partidos, teriam ido mais longe.

O certo é que o país vive um momento de inflexão – está em jogo mais do que uma disputa política, mais do que uma diferença de conceitos de governo face aos rumos do país. Estamos diante de um embate civilizatório.

Bolsonaro é um homem rude e conflitivo, personalidade instável, que aparenta estar sempre em luta contra seus demônios internos. Ele desune e promove o esgarçamento do tecido social, aumenta os fossos e as diferenças, e transformou o país em perigoso campo de batalha. Inventou problemas onde as coisas funcionavam bem (vacinas, sistema eleitoral), criou crise em cima de crise entre os poderes, principalmente o STF. Promoveu o desmanche do setor público – saúde, educação, meio ambiente –, que já não era lá essas coisas, sem colocar nada no lugar.

A lista dos desmandos, das velhas disfunções agravadas e das novas criadas nestes quatro anos, é infindável. Manda o senso comum que se comece pela mudança da estrutura de poder no seu foco mais visível de crise e instabilidade, que é o Executivo.

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