Quarta-feira, 27 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 6 de setembro de 2023
Roger Waters completa 80 anos. Um dos autores da trilha sonora da segunda metade do século XX, o filho de professor e neto de minerador pode citar sem pestanejar uma obra-prima para cada dedo de suas mãos.
Na primeira semana de outubro, ele solta nas plataformas seu sétimo álbum solo, “The dark side of the moon redux”. Nele, relê o clássico do Pink Floyd, que fundou em 1965 com Syd Barrett, Nick Mason e Richard Wright. “Redux” chega exatas cinco décadas após o original, quando a banda já não tinha mais Barrett e contava com David Gilmour. “Desgraçadamente, o disco continua atual, com o ar irrespirável por ideias supremacistas ultrapassadas e o capitalismo predatório”, diz Waters, às vésperas de chegar ao Brasil.
Sua “primeira turnê mundial de despedida” — e quinta no Brasil, depois de “In the flesh” (2002), “The dark side of the Moon” (2007), “The wall live” (2012 ), “Us + them” (2018), além da ópera “Ça-Ira”, em 2008 e 2013)— passará por Brasília (24/10), Rio (28/10), Porto Alegre (1/11), Curitiba (4/11), Belo Horizonte (8/11) e São Paulo (11/11, com ingressos esgotados, e 12/11). Programada para 2020, adiada pela pandemia, “This is not a drill” (algo como “Isso não é um treinamento”) começou em julho do ano passado nos EUA. A “extravagância cinematográfica rock & roll” foi transmitida em cinemas mundo afora e causou polêmica com a tentativa frustrada de prefeitos na Alemanha de cancelarem apresentações, com acusações a Waters de antissemitismo e de equiparar a política externa de Tel-Aviv ao nazismo no palco.
Vivemos no colonialismo?
“Continuamos vivendo sob a nuvem sufocante de centenas de anos de colonialismo. O ar anda tão poluído com ideologias supremacistas ultrapassadas e o capitalismo predatório que tá difícil respirar. ‘Respire, respire o ar, não tenha medo de se importar com os outros’, como em ‘Breathe’. Mais do que nunca, é preciso se importar, sim, ter empatia por nossos irmãos e irmãs, sem diferença de nacionalidade, etnia ou religião. Precisamos respirar fundo e começar de fato a nos ajudar, uns aos outros.”
Antissemitismo na Alemanha?
“Escrevi, gravei e lancei ‘The Wall’ em 1978/9. O filme é de 1982. Celebramos a queda do Muro em Berlim e o fim da Guerra Fria em 1990, em show para 400 mil pessoas. Em 2009 recebi, com meu herói Mikhail Gorbachev, o prêmio Cinema for Peace. A turnê mundial de 2010 a 2013 ostentou o recorde de a mais lucrativa de um artista solo. Em 2014, o filme a partir da turnê foi apresentado no Festival de Toronto. Qualquer pessoa minimamente familiarizada com ‘The Wall’ sabe que, na narrativa, a estrela do rock Pink sofre episódio psicótico e imagina-se degenerado, na pele de um tirano de estilo nazista.”
É uma peça de ficção…
“Uma crítica satírica às ideologias tirânicas. Mais tarde, Pink se recobra do episódio e, se autoexaminando em um julgamento imaginário, emerge como o coração fofinho e vermelho que amamos. Em nenhum momento ‘The Wall’ glorifica o nazismo ou promove antissemitismo. Pergunto aos doidões da cultura do cancelamento: por que, depois de 45 anos, uma peça contemplativa e humanista como ‘The Wall’, e seu autor, sofrem ataques mentirosos, coordenados pelo lobby israelense? Claro que sei a resposta: minha defesa do povo palestino.”
No Ar: Pampa Na Tarde