Quarta-feira, 27 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 19 de janeiro de 2022
O rover Curiosity, da Nasa, que há quase dez anos transita pela superfície de Marte e recolhe amostras de solo e rochas, encontrou uma evidência importante que aponta para um passado de milhões ou até bilhões de anos do planeta. O achado, em teoria, pode indicar até mesmo a existência de vida microbiana em Marte em algum momento da história do planeta.
Ao menos é isso que os cientistas provavelmente afirmariam se tivessem encontrado carbono-12 ou carbono-13 – isótopos estáveis do elemento – na Terra, como foi encontrado agora na cratera Gale do planeta vermelho. Isso porque um dos processos que resulta na formação destes isótopos é a atividade microbiana, que libera gás metano. Foi o que aconteceu, por exemplo, na Austrália, há cerca de 2,7 bilhões de anos.
Essa é, no entanto, uma teoria ousada para explicar a presença de carbono em Marte, já que seria o mesmo que confirmar a existência de vida extraterrestre em um passado distante. Por isso, cientistas formularam algumas outras explicações para a presença desse carbono.
Uma delas é a decomposição do dióxido de carbono por radiação ultravioleta. Os raios UV, segundo a hipótese, poderiam reagir com dióxido de carbono para produzir monóxido de carbono – enriquecido em carbono-12. Esse é um processo que se mostrou possível em alguns estudos laboratoriais, como o que foi realizado por Yuichiro Ueno, cientista planetário do Instituto de Tecnologia de Tóquio.
Além dos raios UVs e de uma possível atividade microbiana, a terceira teoria apontada por cientistas que estudam as amostras do Curiosity é que uma nuvem de poeira cósmica possa ter depositado esses isótopos de carbono na superfície marciana. Mas o evento é tão raro – ocorre a cada duzentos milhões de anos – e a preservação do carbono leve exigiria condições tão específicas – como a glaciação em Marte – que os cientistas não apostam tanto nessa hipótese.
“Precisamos de mais dados para descobrir qual destas é a explicação correta”, afirmou em nota Christopher H. House, professor de geociências da Penn State. Por ora, os cientistas mantêm uma postura conservadora, especialmente antes de afirmar que possam ter existido, de fato, microrganismos marcianos há milhões de anos. “Estamos sendo cautelosos com nossa interpretação, que é o melhor caminho ao estudar outro mundo”, disse House.
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