Sábado, 23 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 22 de novembro de 2024
O governo da Rússia informou nessa sexta-feira (22) que um ataque à Ucrânia usando um míssil balístico hipersônico recém-desenvolvido foi projetado como uma mensagem para o Ocidente de que Moscou responderá às decisões e ações “imprudentes” em apoio à Ucrânia. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, falou um dia depois que o presidente Vladimir Putin disse que Moscou havia disparado o novo míssil – Oreshnik ou Hazel Tree – contra uma instalação militar ucraniana.
“A principal mensagem é que as decisões e ações imprudentes dos países ocidentais que produzem mísseis, fornecendo-os à Ucrânia e, posteriormente, participando de ataques ao território russo não podem ficar sem uma reação do lado russo”, disse Peskov aos repórteres.
“O lado russo demonstrou claramente suas capacidades, e os contornos de outras ações de retaliação, caso nossas preocupações não sejam levadas em conta, foram claramente delineados.”
Peskov afirmou ainda que a Rússia não era obrigada a avisar os Estados Unidos sobre o ataque, mas informou os EUA 30 minutos antes do lançamento. O presidente Vladimir Putin permanece aberto ao diálogo, disse Peskov, acrescentando que o governo do presidente dos EUA, Joe Biden, “prefere continuar no caminho da escalada”.
Putin disse na quinta-feira (21) que a Rússia havia disparado o novo míssil depois que a Ucrânia, com a aprovação do governo Biden, atacou a Rússia com seis mísseis ATACMS fabricados nos EUA na terça-feira (19) e com mísseis de cruzeiro britânicos Storm Shadow e HIMARS fabricados nos EUA na quinta-feira. Ele afirmou que isso significava que a guerra na Ucrânia havia agora “adquirido elementos de caráter global”.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, afirmou que o uso do novo míssil pela Rússia representou “uma escalada clara e severa” na guerra e pediu uma forte condenação mundial. O míssil recebeu o nome de “Oreshnik”, e Putin destacou que ele continuará sendo testado.
Segundo a principal agência de espionagem da Ucrânia, o dispositivo voou por 15 minutos e atingiu velocidade máxima de mais de 13 mil km/h. Putin disse que “Oreshnik” é um míssil balístico hipersônico.
O presidente pontuou que ele viaja a 10 vezes a velocidade do som e, portanto, não pode ser interceptado. Fontes russas disseram à agência de notícias Reuters que o alcance é de 5 mil quilômetros, permitindo que a Rússia ataque a maior parte da Europa e a costa oeste dos Estados Unidos.
Entretanto, um míssil de médio alcance pode viajar entre mil e 3 mil quilômetros, de acordo com o Centro de Controle de Armas e Não Proliferação. O míssil disparado contra a cidade de Dnipro carregava várias ogivas, de acordo com duas autoridades dos EUA e uma autoridade ocidental.
Anatoly Matviychuk, um especialista militar russo, afirmou que ele pode transportar de seis a oito ogivas convencionais ou nucleares e provavelmente já estava em serviço, de acordo com Yuri Podolyaka, um proeminente blogueiro militar pró-Rússia nascido na Ucrânia.
A arma, conhecida como Multiple Independently-targetable Reentry Vehicle (MIRV), carrega uma série de ogivas que podem atingir um local específico, permitindo que um míssil balístico faça um ataque maior. Os MIRVs foram desenvolvidos durante a Guerra Fria para permitir o lançamento de várias ogivas nucleares com um único lançamento. Entretanto, o ataque contra Dnipro não foi feito ogivas nucleares.
A vice-secretária de imprensa do Pentágono, Sabrina Singh, disse que este foi o primeiro uso do míssil balístico experimental de alcance intermediário “baseado” no modelo de míssil RS-26 Rubezh da Rússia. O Pentágono também informou que os Estados Unidos foram notificados do lançamento por meio de “canais de redução de risco nuclear”.
Tom Karako, diretor do Projeto de Defesa de Mísseis do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), ressalta que é provável que seja a primeira vez que um MIRV foi usado em combate. O RS-26 é um míssil balístico móvel de combustível sólido que entrou em desenvolvimento em 2008.
Os Estados Unidos se retiraram formalmente do histórico Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF), de 1987, com a Rússia em 2019, após alegarem que Moscou estava violando o acordo, uma acusação que o Kremlin negou.
No Ar: Pampa News