Quarta-feira, 22 de Janeiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 21 de janeiro de 2025
Não faltaram referências à China nas falas de Donald Trump em seu primeiro dia de volta à Casa Branca. Na segunda-feira, o recém-empossado presidente dos Estados Unidos expressou sua vontade de trabalhar com Pequim em questões como comércio e futuro do aplicativo de mídia social TikTok, de propriedade chinesa e que quase foi barrado por Washington.
Ao mesmo tempo, ele acusou o país asiático de capitalizar vantagens injustas em relação aos Estados Unidos, incluindo compromissos relacionados ao clima, contribuição para a Organização Mundial da Saúde (OMS) e taxas de transporte no Canal do Canadá, que Trump alegou ser efetivamente operado por Pequim, apesar de a hidrovia ser controlada pelo governo panamenho há décadas.
Em seu discurso de posse, o republicano deu uma série de sinais sobre o que esperar do novo governo — uma versão muito mais agressiva de sua primeira passagem pela Casa Branca (2017-2021). Ele enfatizou que “o declínio dos Estados Unidos acabou”, fala que tanto pode ser interpretada como crítica ao seu antecessor, Joe Biden, quanto um alerta à disputa com a China por influência global.
Trump, que várias vezes pediu uma linha mais dura com Pequim, também expôs sua intenção de visitar a China para se reunir pessoalmente com Xi Jinping dentro de 100 dias. A informação foi divulgada por assessores do republicano, que falaram sob condição de anonimato ao “Wall Street Journal” no sábado, um dia após ligação telefônica entre ele e o líder chinês, quando discutiram o fortalecimento das relações bilaterais.
Canal do Panamá
Em sua única referência ao gigante asiático durante o discurso oficial de posse, que contou com a presença do vice-presidente chinês Han Zheng, Trump alegou que “a China está operando o Canal do Panamá, e nós não o demos à China, mas ao Panamá. E estamos tomando-o de volta”.
Os Estados Unidos receberam em 1903 o controle da área onde seria construído o Canal do Panamá, cujas obras foram finalizadas em 1914, com poderes de usar a força para garantir a neutralidade da passagem usada hoje por cerca de 14 mil navios anualmente.
Em 1977, o então presidente norte-americano Jimmy Carter firmou um acordo com o ditador panamenho Omar Torrijos, devolvendo o controle do canal ao país mas mantendo o direito de atuar para defender sua neutralidade. O Panamá retomou a soberania sobre o canal em 1999 – decisão criticada por Trump.
Analistas veem nas falas de Trump uma preocupação com o avanço de empresas chinesas na região do canal. Dois portos, localizados nas duas extremidades da passagem, são administrados por empresas de Hong Kong.
Imposição de tarifas
O vice-primeiro-ministro da China, Ding Xuexiang, alertou nessa terça-feira que nenhum país sairia vitorioso de uma guerra comercial. A advertência foi feita um dia após Trump declarar que poderia impor tarifas se Pequim rejeitasse sua proposta de manter o aplicativo TikTok, de propriedade chinesa, operando nos Estado Unidos, vendendo metade dele.
Durante sua campanha eleitoral, Trump também prometeu impor tarifas mais altas à China depois de iniciar uma guerra comercial com o país durante sua primeira passagem pela Casa Branca. “O protecionismo não leva a lugar algum, e não há vencedores em uma guerra comercial”, acrescentou Ding.
Cooperação comercial
Por outro lado, a China também disse que espera cooperar com Washington para resolver disputas comerciais. “A China está disposta a fortalecer o diálogo e a comunicação com os Estados Unidos e a lidar adequadamente com as diferenças”, declarou o porta-voz chinês Guo Jiakun.
Ele prosseguiu: “Esperamos que os Estados Unidos trabalhem com a China para promover conjuntamente o desenvolvimento estável das relações econômicas e comerciais bilaterais. Os interesses compartilhados são imensos”.
TikTok
Em resposta à retomada do serviço do TikTok nos Estados Unidos, bem como ao acordo proposto por Trump que daria aos Estados Unidos uma participação de 50% em uma joint venture da empresa, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, disse que Pequim espera que o novo governo norte-americano forneça um ambiente de negócios aberto, justo e não discriminatório aos participantes do mercado de vários países.
“Sempre acreditamos que essas decisões devem ser tomadas de acordo com os princípios do mercado e ser determinadas pelas próprias empresas”, sublinhou Mao, em referência às operações comerciais e aquisições. “Se as empresas chinesas estiverem envolvidas, elas devem cumprir as leis e regulamentações chinesas”. (Com informações da agência O Globo)
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