Quinta-feira, 06 de Março de 2025

Home Mundo Saiba o quão rápido o Exército da Ucrânia pode começar a perder força sem as armas dos Estados Unidos

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Sem bilhões de dólares em armas fabricadas pelos Estados Unidos, pode ser apenas uma questão de tempo até que as forças da Ucrânia vacilem contra a Rússia. O tempo exato, no entanto, dependerá da rapidez com que a Europa e a Ucrânia poderão compensar a falta de artilharia, mísseis, sistemas de defesa aérea e outros armamentos que, segundo autoridades do governo Trump, foram suspensos na segunda-feira.

Os EUA haviam se comprometido a fornecer até US$ 11 bilhões em armas e equipamentos para a Ucrânia neste ano. Parte desse material viria dos estoques do Pentágono, enquanto outra parte seria adquirida por meio de novos contratos de defesa, segundo o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS, em inglês). Um ex-alto funcionário de Defesa americano, porém, disse na terça-feira que o valor real provavelmente estaria mais próximo de US$ 9 bilhões.

Apesar das promessas da Europa de apoiar a Ucrânia incondicionalmente — apoio que só se intensificou desde que o governo Trump começou a recuar —, seria praticamente impossível preencher rapidamente essa lacuna de armamentos. As indústrias de defesa europeias aumentaram a produção, mas de forma irregular. Além disso, cada país precisa manter os seus próprios estoques de armas.

— A Europa não pode substituir a ajuda americana — disse no mês passado o ex-vice-chefe do Estado-Maior da Ucrânia, tenente-general Ihor Romanenko.

A própria Ucrânia tem produzido drones e reforçado a fabricação de sistemas de artilharia nacionais, destinando 26% de seu orçamento para a defesa neste ano. No entanto, algumas das principais autoridades ucranianas alertam que o Exército enfrentará uma situação crítica se o apoio dos Estados Unidos não for retomado.

O parlamentar Fedir Venislavsky disse na terça-feira que Kiev tem uma margem de segurança de cerca de seis meses, mesmo sem a ajuda sistemática de Washington, embora tenha reconhecido que a situação será “muito mais difícil”. Alguns analistas, no entanto, consideram essa estimativa excessivamente otimista.

— Dentro de quatro meses, suas forças certamente começariam a fraquejar. Eles simplesmente não teriam munições e equipamentos suficientes para repor as perdas — afirmou Mark Cancian, ex-estrategista de armamentos da Casa Branca e um dos autores do estudo do CSIS.

Por que a Europa não é suficiente?

Dos US$ 136 bilhões em ajuda militar fornecidos pelos aliados à Ucrânia desde o início da invasão em grande escala pela Rússia, em fevereiro de 2022, até o fim do ano passado, quase metade veio dos EUA, segundo o Instituto Kiel para a Economia Mundial, organização de pesquisa alemã.

A participação americana diminuiu ao longo do tempo, à medida que as indústrias de defesa da Ucrânia e da Europa aceleraram a produção. Atualmente, apenas cerca de 20% do material militar fornecido à Ucrânia vem dos Estados Unidos, de acordo com estimativas recentes do Royal United Services Institute (RUSI), grupo analítico ligado às Forças Armadas britânicas. Esses 20%, porém, são os mais letais e importantes, segundo o vice-diretor-geral da organização, Malcolm Chalmers.

Como maior economia do mundo, os Estados Unidos simplesmente têm mais recursos à disposição. A Força Aérea do país, por exemplo, conta com 17 grandes aeronaves de vigilância eletrônica, enquanto o Reino Unido tem apenas três, segundo Douglas Barrie, especialista em aeroespaço militar do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos. Além disso, Washington fornece mais da metade de todos os caças e aeronaves de ataque da Otan, a aliança militar do Ocidente.

O que a Ucrânia está fazendo para se armar?

O primeiro-ministro da Ucrânia, Denys Shmyhal, afirmou nas redes sociais nesta semana que o Exército e o governo “têm as capacidades e as ferramentas para manter a situação na linha de frente”. Sem revelar detalhes sobre os estoques militares do país — provavelmente para evitar expor vulnerabilidades à Rússia —, ele disse que Kiev será capaz de produzir munições suficientes até o final do ano, e que já fabrica blindados e armas antitanque.

No ano passado, o país construiu mais de um milhão de drones de visão em primeira pessoa e pretende aumentar a produção em 2025. A Ucrânia também estaria tentando desenvolver sistemas de defesa aérea tão sofisticados quanto o Patriot, fabricado nos EUA, capaz de interceptar mísseis balísticos. Um único sistema Patriot, incluindo mísseis interceptores, lançadores, radares e centro de comando, custa cerca de US$ 1 bilhão e leva até dois anos para ser produzido.

No estudo intitulado “A Ucrânia está agora condenada?”, Cancian previu que, sem a ajuda militar dos Estados Unidos, Kiev seria forçada a aceitar um cessar-fogo desfavorável com a Rússia. Isso poderia significar a perda de um quinto de seu território e o abandono da aspiração de ingressar na Otan. Além disso, alguns aliados poderiam reduzir sua própria ajuda, concluindo que, sem o apoio americano, a guerra estaria perdida. As informações são do portal O Globo.

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