Segunda-feira, 23 de Dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 14 de novembro de 2022
Líderes mundiais participam nesta semana da reunião anual das nações do chamado Grupo dos 20 (G20), que reúne as 19 principais economias do mundo e a União Europeia (UE). A cúpula ocorre na ilha indonésia de Bali. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente chinês, Xi Jinping, estão entre os 17 líderes estatais que deverão participar do evento, entre 15 e 16 de novembro. Uma ausência notável é a do presidente russo, Vladimir Putin.
A delegação brasileira na Indonésia é chefiada pelo ministro das Relações Exteriores, Carlos França, informou o Itamaraty. A comitiva também inclui o secretário de Comércio Exterior e Assuntos Econômicos e dois servidores da Coordenação-Geral de G20, ligada ao ministério. Não foi informado se o presidente Jair Bolsonaro participará da cúpula.
Tendo como pano de fundo a guerra na Ucrânia e as subsequentes sanções ocidentais à Rússia, que não apenas alimentaram os temores de uma recessão global, mas também aprofundaram as divisões existentes entre membros do G20, as expectativas em relação à cúpula são tímidas.
“O verdadeiro desafio deste G20 não é tanto um resultado particular ou um acordo sobre qualquer questão, porque eu não acho que eles chegarão a qualquer consenso como G20, mas se o grupo pode continuar funcionando”, afirma Josh Lipsky, diretor sênior do Centro de Geoeconomia do Atlantic Council.
O G20 foi fundado em 1999 como um grupo de ministros das Finanças. Durante a crise financeira de 2008/2009 se transformou num grupo de líderes estatais para lidar com crises econômicas e desacelerações econômicas. Neste ano, seu membros enfrentaram dificuldades na busca de consensos sobre questões prementes, como a recuperação pós-pandemia e a atual crise energética e alimentar, em meio a profundas fissuras envolvendo a guerra na Ucrânia e as sanções impostas contra a Rússia.
“Se o grupo não pode se unir e funcionar neste momento de dificuldades econômicas reais para as economias avançadas, mercados emergentes e países de baixa renda, então isso coloca fundamentalmente sua eficácia em questão”, diz Lipsky. “Esse é o desafio para o G20: provar que ainda é adequado ao propósito dessas reuniões.”
Putin
Mesmo com a sombra de Putin pairando sobre a reunião deste ano, o presidente russo anunciou que não participará pessoalmente do encontro. Em agosto, após visitar Moscou, o presidente indonésio Joko Widodo, no momento presidente do G20, havia confirmado que o líder russo estaria presente.
Especialistas em relações internacionais acreditavam que Putin usaria a cúpula para mostrar ao seu eleitorado doméstico que ele continua sendo um líder forte, para criar uma barreira entre os apoiadores ocidentais da Ucrânia e mostrar que ele não está isolado internacionalmente.
Alguns analistas dizem agora que Putin não quer se sentar à mesa de reuniões para receber lições de outros líderes mundiais, algo que ele teve que suportar nas cúpulas do G20 em 2014 e 2015, após a anexação da Crimeia pela Rússia.
“Putin provavelmente ficou constrangido pela recente declaração de Xi e do [chanceler federal alemão Olaf] Scholz sobre o uso de armas nucleares. Sem o apoio de Xi, ele não terá outra nação defendendo sua posição”, diz James Carouso, conselheiro sênior do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais e ex-funcionário do Departamento de Estado dos EUA. “Além disso, ele seria alvo de críticas por destruir a infraestrutura civil da Ucrânia, o que é um crime de guerra.”
A ausência de Putin poupa a cúpula de um grande desvio de atenção e a ajuda a se concentrar em questões econômicas.
“Eu sei que Jokowi [o presidente indonésio] realmente queria que todos os líderes participassem. Mas, dada a situação, este é um resultado melhor para ele, porque a reunião pode funcionar melhor sem Putin do que com ele presente”, avalia Lipsky.
Biden e Xi
Com Putin ausente, o primeiro encontro cara a cara do presidente dos EUA, Joe Biden, com Xi Jinping, da China, ocorrido nesta segunda-feira (14), à margem da cúpula do G20, está entre os principais destaques do encontro de Bali, em meio a tensões crescentes por causa de Taiwan e questões comerciais entre as duas principais economias do mundo.
“Reabrir esse canal de comunicação direto frente a frente é realmente importante”, observou Lipsky.
O encontro foi marcado por discordância sobre pretensões chinesas sobre Taiwan. Xi disse a Biden que a ilha autogovernada é “a primeira linha vermelha que não pode ser atravessada nas relações China-EUA”. O democrata americano rebateu que se opõe a qualquer mudança no país insular, indicando repetidamente que Washington está pronto a defendê-la por meios militares.
Quanto à invasão russa da Ucrânia, Xi e Biden “reiteraram seu consenso de que uma guerra nuclear não deve ser nunca travada, e não tem como se ganhar, e frisaram sua oposição ao uso ou ameaça de uso de armas nucleares na Ucrânia”, informou o comunicado da Presidência americana.
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