Sexta-feira, 22 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 21 de novembro de 2024
Em Copacabana, onde mora desde fevereiro, quando deixou o cargo no Partido Liberal (o mesmo do ex-presidente Jair Bolsonaro), o general Walter Braga Netto tem conversado reservadamente com aliados desde que ressurgiu nas investigações da trama golpista com a revelação de que teria feito uma reunião com militares envolvidos no plano em seu apartamento, em Brasília (DF).
E o que o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa de Bolsonaro tem dito aos amigos sobre o tal encontro? Ele diz que não fez reunião em seu apartamento para “tratar de plano algum”, apesar de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, ter dado detalhes da sala de Braga Netto, onde correu a reunião.
Em Brasília, Braga Netto morava no Bloco B, da quadra 112 da Asa Sul. Acontece que outros generais do Ministério da Defesa e do primeiro escalão do governo moravam no mesmo prédio. E este edifício tinha um salão de convivência na cobertura muito usado para reuniões sociais e particulares. Com quem conversa, o general conta que também tinha o hábito de descer com o cachorro de duas a três vezes ao dia, nos arredores deste prédio, onde também costumava se encontrar com colegas de farda.
Mas, quando Mauro Cid contou da reunião na casa de Braga Netto, o ex-faz-tudo de Bolsonaro fez questão de detalhar como era a sala do general, quem estava sentado onde, como era o cenário no dia do tal encontro.
A aliados, Braga Netto também tem feito questão de ressaltar o assessoramento “correto” que dava a Jair Bolsonaro até o final do governo e continuou depois. Nas conversas, o ex-ministro menciona “a lealdade” ao ex-presidente e usa termos como “correção ética e moral” para descrever os conselhos a Bolsonaro, sem fazer qualquer menção sobre a trama golpista revelada pela PF.
O relatório da PF afirma que a casa de Braga Netto foi usada para uma reunião com o tenente-coronel Mauro Cesar Cid, o major Rafael de Oliveira e o tenente-coronel Ferreira Lima no dia 12 de novembro de 2022. Mas o general diz a interlocutores não ter usado seu apartamento para “tratar plano algum”.
Indiciamento
A PF indiciou nessa quinta-feira (21) o ex-presidente Bolsonaro, o general Braga Netto e mais 35 pessoas sob suspeita dos crimes de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
O relatório da investigação de 884 páginas foi enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal). O documento está nas mãos do ministro Alexandre de Moraes sob sigilo e, segundo a Corte, o ministro deve encaminhar para PGR (Procuradoria-Geral da República) na próxima semana.
Após o indiciamento, Braga Netto afirmou que é alvo de informações indevidas no inquérito da PF que apura crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
“A Defesa técnica do General Walter Souza Braga Netto destaca e repudia veementemente, e desde logo, a indevida difusão de informações relativas a inquéritos, concedidas ‘em primeira mão’ a determinados veículos de imprensa em detrimento do devido acesso às partes diretamente envolvidas e interessadas. Assim, a defesa aguardará o recebimento oficial dos elementos informativos para adotar um posicionamento formal e fundamentado”, diz nota.
No Ar: Pampa Na Madrugada