Quarta-feira, 15 de Janeiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 9 de abril de 2023
Dono da Neuralink, Elon Musk quer usar implantes cerebrais para ler a mente das pessoas – algo que especialistas consideram improvável. No entanto, tecnologia pode ter impactos transformadores na saúde humana.”O futuro vai ser estranho”, disse Elon Muskem 2020, ao explicar os potenciais usos dos implantes cerebrais desenvolvidos por sua empresa de neurotecnologia Neuralink.
Nos últimos sete anos, a empresa vem desenvolvendo um chip de computador projetado para ser implantado no cérebro, onde monitora a atividade de milhares de neurônios.
O chip – oficialmente considerado uma Interface Cérebro-Computador (ICC) – consiste em uma pequena sonda contendo mais de 3.000 eletrodos ligados a fios flexíveis mais finos que um fio de cabelo humano.
Musk quer conectar o cérebro com computadores para permitir o download de informações e memórias das profundezas da mente, como no filme de ficção científica Matrix, de 1999.
Além de usar a tecnologia para tentar tratar condições como cegueira e paralisia, Musk expressou ambições de usar o Neuralink para alcançar a telepatia humana, que, segundo ele, ajudaria a humanidade a prevalecer em uma guerra contra a inteligência artificial. Musk também disse que quer que a tecnologia forneça às pessoas uma “supervisão”.
Isso é viável? Resposta curta: não. “Não podemos ler a mente das pessoas. A quantidade de informação que podemos decodificar do cérebro é muito limitada”, afirma Giacomo Valle, engenheiro neural da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos.
Juan Alvaro Gallego, pesquisador de ICC no Imperial College London, no Reino Unido, concorda.
“O problema fundamental é que realmente não sabemos onde ou como os pensamentos são armazenados no cérebro. Não podemos ler pensamentos se não entendermos a neurociência por trás deles”, disse à DW.
Usos clínicos
Musk apresentou a tecnologia Neuralink em 2019, mostrando um porco com um chip implantado no cérebro e um vídeo de um macaco jogando pong com a mente. Mas o potencial das ICCs vai muito além de animais jogando.
Segundo Gallego, a tecnologia foi desenvolvida inicialmente para ajudar pessoas paralisadas por lesões na coluna ou condições como a síndrome do encarceramento – quando um paciente está totalmente consciente, mas não consegue mover nenhuma parte do corpo, exceto os olhos – a se comunicar.
“Se você [pudesse] traduzir sua comunicação interna em palavras em um computador, seria uma mudança de vida”, disse Gallego.
Nesse tipo de caso, as ICCs são projetadas para registrar sinais elétricos de neurônios no córtex motor e, em seguida, enviar os sinais para um computador onde são exibidos como texto.
Normalmente, o córtex motor não está envolvido no pensamento. Em vez disso, é onde as instruções de movimento são enviadas ao corpo, como os movimentos dos músculos da língua e da mandíbula quando se fala.
O que os eletrodos realmente registram é um plano motor – mais precisamente, o resultado final de todo o processamento em diferentes partes do cérebro (sensorial, linguístico, cognitivo) necessário para se mover ou falar.
Portanto, as ICCs não registram realmente os seus pensamentos, mas sim o plano do cérebro de mover um dedo, uma perna ou abrir a boca para fazer um som.
“Os cientistas também mostraram que podem ler a intenção do córtex motor de desenhar uma letra”, disse Gallero. “Usando modelagem complexa [com o computador conectado], isso permitiu que participantes paralisados digitassem 10 palavras por minuto, o que foi um avanço”.
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