Quarta-feira, 27 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 29 de março de 2023
Nova aposta de emagrecimento entre famosos e anônimos, o uso de medicamentos injetáveis a base de semaglutida, usada para tratar diabetes tipo 2, tem se tornado cada vez mais comum no Brasil.
A droga – vendida sob os nomes comerciais de Wegovy, Ozempic e Rybelsus – funciona como um supressor de apetite e promete a perda de até 17% da massa corporal em um ano. Mas se administrada incorretamente, a semaglutida pode levar ao chamado “reganho” de peso.
Isso acontece porque o emagrecimento rápido geralmente está associado à perda de massa muscular, em vez de gordura. É o que explica a nutricionista Sophie Deram, pesquisadora da neurociência do comportamento alimentar e coordenadora do projeto sobre genética dos transtornos alimentares do Instituto de Psiquiatria da USP.
“No final você vai ter menos músculo e mais gordura”, explica.
Segundo a nutricionista, a restrição de apetite causada pelos emagrecedores também pode desencadear comportamentos compulsivos.
Rosto de Ozempic
A expressão “Ozempic face” (“rosto de Ozempic” na tradução livre) se refere às pessoas cujo rosto ficou com aspecto flácido e “caído” após uma perda de peso rápida usando remédios, como o Ozempic. No entanto, o termo, que se popularizou nas redes sociais, deve ser evitado, segundo especialistas.
Em um artigo publicado no site da Mayo Clinic, uma organização americana sem fins lucrativos, a endocrinologista Aoife Egan, especializada em diabetes e controle de peso, é taxativa: “jogue essa expressão fora”.
Para ela, além de não ser um termo médico, é mais um exemplo de preconceito em relação ao assunto “peso” surgido em uma sociedade que prioriza as aparências.
“Em primeiro lugar, acredito que a expressão joga luz sobre importantes condições que estamos tratando, como diabetes e obesidade. Em segundo lugar, sinto que apenas adiciona mais uma camada de estigma e discriminação que são associados ao diagnóstico de obesidade”, disse Aoife Egan, endocrinologista especializada em diabetes e controle de peso.
O que acontece ao usar esses remédios é que, com a perda de peso rápida, também diminui a camada de gordura abaixo da pele que dá sustentação às estruturas da face. Também pode haver perda de colágeno, o que deixa a pele mais flácida e aparentando ter mais rugas.
“Sempre que se perde peso de forma importante (e, em especial, de forma mais veloz) perde-se também parte da gordura facial. Que é a gordura que dá sustentação a nossa pele do rosto. Com isso, podemos sim adquirir uma ‘fascies’ mais característica. Mas daí a atribuir isso ao medicamento são outros quinhentos…”, explicou o endocrinologista Roberto Zagury em uma publicação em rede social.
No Ar: Pampa Na Tarde