Sexta-feira, 22 de Novembro de 2024

Home Saúde Saiba quais os perigos de esquecer objetos dentro do corpo de pacientes

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O caso da moradora de Cubatão (SP) que descobriu um pano esquecido na região abdominal dois anos após uma cirurgia no intestino levanta um alerta sobre os riscos do esquecimento de objetos durante operações. Médicos cirurgiões relataram que há um procedimento padrão para evitar as situações que podem causar até a morte de pacientes.

Casos parecidos como o de Maria Luciene Vidal, que viu um pano sair pela abertura da barriga onde fica uma bolsa de colostomia que foi colocada em 2022, já foram notícia na imprensa. É o caso de Vanes de Jesus da Silva, que teve um fio-guia esquecido por um médico entre a jugular e o átrio direito do coração.

De acordo com o médico cirurgião do aparelho digestivo Joaquim Guimarães Neto, a presença de objetos pode causar diversos problemas ao paciente devido à reação do organismo com o corpo estranho.

“A gente começa a desenvolver uma reação inflamatória desse objeto que foi esquecido. Isso pode refletir em vários problemas, como um quadro infeccioso local, uma perfuração de alguma víscera, quadros de septicemia e, em casos extremos, até a morte”, afirmou Neto.

Para o médico clínico e cirurgião geral Marcelo Bechara, a infecção é o principal risco, pois é o mais comum. “Normalmente [o objeto] está cheio de sangue e acaba virando um meio de cultura para bactérias. Então é uma infecção que você só consegue resolver se tirar esse corpo estranho”, explicou.

Mais “esquecidos”

Segundo os especialistas, compressas e gazes lideram o ranking de objetos mais esquecidos durante cirurgias e os perigos variam de acordo com a reação de cada organismo para a presença do corpo estranho. No entanto, a região do corpo e o tipo de material esquecido também influenciam nos perigos.

As partes do corpo que mais causam preocupação para Bechara são crânio e tórax, pois são áreas extremamente sensíveis. Apesar disso, o local mais comum para ocorrência de esquecimento de objetos é o abdômen.

“É onde se tem mais cirurgias e mais órgãos, então sangra mais. Às vezes tem uma infecção, sangramento, tem bile [secreção produzida pelo fígado e armazenada na vesícula biliar], tem as próprias fezes, e às vezes não consegue enxergar direito as coisas, porque fica tudo da mesma cor e confunde”, justificou o cirurgião.

Prevenção

Para evitar o esquecimento de instrumentos dentro de organismos, os médicos cirurgiões possuem um procedimento padrão. “A gente tem o hábito de fazer contagens de material antes e depois do procedimento”, explicou Neto.

Bechara afirmou que um instrumentador cirúrgico é responsável pela contagem dos objetos. “A gente conta [os instrumentos] e deixa separado para ver. Inclusive, a gente escreve na descrição cirúrgica a quantidade de compressas. É uma prova para segurança do paciente e do cirurgião para evitar problemas depois. Mas, às vezes, essa conta pode dar errada”.

Sintomas

Segundo Joaquim Guimarães Neto, os sintomas que o paciente pode sentir caso haja algum objeto dentro do corpo variam de pessoa para pessoa. “Às vezes, são sintomas muito pequenos, mas tem até sintomas muito graves e importantes que logo faz a gente suspeitar do quadro”, afirmou.

No entanto, Marcelo Bechara crê que a dor local é um dos primeiros sinais de corpo estranho no organismo. “Mas pode ter febre, uma vermelhidão na área”, exemplificou. De acordo com ele, a velocidade dos sintomas após a cirurgia varia de acordo com a região do corpo afetada.

O médico clínico geral diz que, em casos de objetos no abdômen, os sinais podem demorar mais. Em contrapartida, os sintomas costumam ser rápidos quando há algo na região do tórax, pois causa irritação no pulmão, com tosse, pigarro, falta de ar, entre outros. “Geralmente, tórax é coisa de no dia seguinte ou no outro já começar a ter esse tipo de sintoma”.

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