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Por Redação Rádio Pampa | 16 de fevereiro de 2022
Há pouco mais de um mês, o ator Bob Saget, da série “Três é Demais”, foi encontrado morto em um quarto de hotel, aos 65 anos. Só na semana passada a investigação foi encerrada e a causa da morte, determinada. Saget teve um traumatismo craniano e serve de alerta para o alerta de neurologistas: uma pancada na cabeça é algo que precisa ser investigado e pode levar à morte.
Segundo uma nota da família, o ator “bateu a nuca acidentalmente em algo, não pensou sobre isso e foi dormir”.
No Brasil, as principais causas de traumatismo crânio encefálico são queda e acidente de moto. De acordo com Matheus Felipe Borges Lopes, neurocirurgião do Instituto de Ciências Neurológicas de São Paulo, muitas vezes, quando o trauma não penetra o crânio e não se vê sangue, as pessoas acham que está tudo bem.
“As lesões se desenvolvem na forma de hematomas, que são sangramentos no crânio, ou contusões. Sabe quando fica roxo no braço, isso acontece no cérebro também? A energia da pancada pode ser transmitida até o tecido cerebral fazendo machucados que podem ser graves”, explica Lopes.
A maioria dos traumas são leves, mas há sinais de alerta. É preciso procurar atendimento imediato se houver alteração no nível de consciência (ficar inconsciente mesmo que pos instantes), se a pessoa ficar confusa, falar coisas desconexas, tiver sonolência, náusea, vômito, sangramento pelo nariz ou ouvido (indica fratura do crânio) e dor de cabeça que só piora.
Nesses casos, é preciso procurar um pronto socorro com urgência. Vale ressaltar que esse atendimento exige uma tomografia, em menos de uma hora, e, caso precise ser feita uma intervenção, é preciso um neurocirurgião.
“Se você bater a cabeça, nunca — e quero dizer nunca v deve ficar sozinho nas primeiras 24 horas”, disse Gavin Britz, presidente de neurocirurgia do Houston Methodist, ao New York Times.
Em relação às quedas e pancadas, Lopes pede atenção especial a dois grupos: crianças e idosos. Segundo ele, a principal causa de morte de crianças por acidentes são acidentes domésticos, como criança pequena que cai do sofá, da cama, ou do bebê conforto.
“As crianças são mais vulneráveis, especialmente na primeira infância, quando o cérebro e a cabeça ainda estão em desenvolvimento. Desde que começa a andar tem que estar atento e tentando prever situações, uma queda da própria altura é menos grave que do trocador. Com facilidade pode ter um afundamento craniano. Muitas pessoas negligenciam isso e é um problema de saúde pública seríssimo”, diz o neurocirurgião.
Essa queda da própria altura pode ter efeito ainda mais grave em idosos. Nessa faixa etária, o cérebro tem vasos mais frágeis e suscetíveis à ruptura de veias. Outro agravante é o uso de medicamentos anticoagulantes, que aumentam ainda mais o risco, além de fatores que favorecem as quedas, como tonturas, dificuldades de locomoção e mal súbito.
O neurologista Fernando Cendes, professor de Neurologia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, explica que um trauma de crânio pode levar a uma contusão cerebral, criando um inchaço no cérebro que aumenta a pressão intracraniana. Isso pode comprometer estruturas, como o tronco cerebral, provocando a morte. Esse processo pode ocorrer em algumas horas, mas também pode demorar dois dias. Por isso, não basta ficar bem nos minutos após o trauma, é preciso manter o alerta por dias.
Cendes diz ainda que há consequências tardias do trauma de crânio, incluindo epilepsias e demências.
“Por isso, se for uma pancada forte e, principalmente, se a pessoa perdeu a consciência (desmaiou) mesmo que por minutos, deve ir imediatamente a um serviço de urgência.”
No Ar: Pampa Na Madrugada