Sábado, 23 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 30 de janeiro de 2022
Aos 65 anos, Fafá de Belém continua com a gargalhada que conquistou o Brasil intacta. Ela falou abertamente sobre todos os assuntos.
Fafá descreveu a emoção de participar do reality musical “The voice +”, falou sobre a vida amorosa, lembrou a sua atuação política na década de 1980 e revelou sua relação com drogas nos anos 1970 e 1980. Também analisou a relação com o próprio corpo. “Eu sou do Norte, colorida, tenho cintura e bunda. Sempre gostei dos meus peitos, de usar espartilhos. Nunca tive travas”.
A cantora revelou que o convite para o ‘The voice +’ tem um significado todo especial: “Em 1975, Boni pai escolheu a voz de uma menina que ninguém conhecia para cantar ‘Filho da Bahia’, na trilha de ‘Gabriela’. Agora, aos 65 anos, recebo esse presente do Boninho para participar do ‘The voice +’. São ciclos, renascimentos.”
1. Qual é a importância de o programa ser destinado a quem tem mais de 60 anos? Quando a primeira temporada do “The voice+” foi anunciada, desejei muito estar lá porque falaria com gente da minha idade. Há um hábito de as pessoas ficarem invisíveis depois dos 60, a sociedade nos empurra de cara para a quina. Porém, nós temos tesão, poder de decisão e experiência. Temos uma vida inteira para ser vivida e ainda melhor por causa da experiência. O programa também dá chance para pessoas que tiveram a carreira abortada.
2. Essa “invisibilidade” é mais cruel com as mulheres? Muito mais. Por exemplo, há um tempo comecei a ver o movimento das grisalhas. Chegou a pandemia, e fui deixando o meu cabelo ficar branco. O doido é que, ao longo desse processo, quem mais me agrediu foram as mulheres. Nas lives, falavam: “Você está ridícula”, “Está parecendo uma vovozinha”. Até que um dia, não me aguentei e respondi: “Eu sou uma vovozinha, tenho duas netas espetaculares. Mas também tenho uma experiência muito melhor do que aos 20 e ninguém tem reclamado”. A gente foi incutindo a ditadura da beleza, do cabelo pintado, do botox, das cirurgias plásticas. Não uso botox, faço ginástica facial com a Roseli Siqueira, uma bruxinha do bem. Uma vez, coloquei (botox) e fiquei com cara de palhaço e olhar interrogativo (gargalhada). Quando cheguei ao Rio, não era magra, usava decote e gargalhava alto. Nunca tive travas.
3. Sempre foi bem resolvida em relação ao seu corpo? Eu me entendi com meu corpo aos 12 anos, quando assisti a um filme com a Sophia Loren. Ao vê-la, pensei: “Yes, I can”. Pedi para minha mãe um vestido igual ao dela. Quando vim para o Sudeste, estava na contramão de tudo. O padrão era nórdico, e eu sou do Norte, colorida, tenho cintura, peito e bunda. Sempre gostei dos meus peitos, de usar espartilhos. Peças decotadas me favorecem. No começo, eram desenhadas pela minha mãe, que costurava muito bem. Recentemente, ao tomar a terceira dose da vacina da Covid, em Portugal, fui abordada por mulheres que me relataram histórias de como as mães tiveram coragem de se separar me vendo na TV. Uma delas costumava falar: “Mãe, olha a Fafá. Ela não é magra, é feliz e não precisa de marido”.
4. Você mencionou ter vivido os anos 1970. E a relação com as drogas naquela época, como era? O final da década de 1960 e começo dos anos 1970 foi um período lisérgico. As drogas eram usadas para abrir as portas da percepção. A coisa mais delicada é saber o tempo de dizer tchau. Você jamais pode não conseguir viver sem uma droga. Nos anos 1980, em relação à cocaína, um dia me olhei no espelho e não era eu. Joguei fora o que tinha em casa e destruí minha agenda de telefones. Passei dez dias trancada, com o fio do telefone fora da tomada. Nunca tomei MD. A gente vai desenvolvendo os baratos da vida de outras formas.
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