Sábado, 23 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 16 de março de 2023
A DC está em um momento de transição nos cinemas. Após a venda da Warner Bros. para a Discovery, a casa de super-heróis como Batman e Mulher-Maravilha colocou na porta a plaquinha de “sob nova direção”. Saiu a visão de Zack Snyder, que continua na empresa mesmo depois de deixar o posto, e passou a imperar o olhar dos produtores James Gunn (diretor de Guardiões da Galáxia, da concorrente Marvel) e de Peter Safran. E, apesar de ter sido produzido antes disso, Shazam! Fúria dos Deuses permite uma espiada no que vem pela frente.
Estreia dessa quinta-feira (16), nos cinemas, o longa-metragem é a continuação do filme de 2019. Billy Batson (Asher Angel) agora é um adolescente, já chegando à maioridade, que consegue se transformar em um super-herói (Zachary Levi) quando invoca uma espécie de poder místico. Mas agora ele não está sozinho: ao seu lado, seus irmãos de criação compartilham do poder e passam a defender a cidade de Filadélfia, nos Estados Unidos, de vilões. É o caso de três divindades gregas (Helen Mirren, Rachel Zegler, Lucy Liu) que ameaçam a família de super-heróis batendo de frente com outros poderes místicos.
Diferencial
Assim como no primeiro longa, o cineasta David F. Sandberg (Quando as Luzes se Apagam) sabe que a história de Shazam não pode ser tão grandiosa quanto a jornada do Batman nas telonas, por exemplo, ou do Superman. Ele precisa prezar pelo pouco, pela proximidade desses heróis que, na verdade, são adolescentes experimentando poderes quase mágicos. É aí que estão a graça e o diferencial do filme, que se leva pouco a sério e não firma com o espectador nenhum compromisso de ser grandioso ou opulento.
É o oposto do que está acontecendo agora, por exemplo, com a Marvel Studios. Depois dos acontecimentos de Vingadores: Guerra Infinita e Ultimato, o público não aceita nada menos do que histórias que realmente arrepiem. E, com isso, dois efeitos já são sentidos nas telonas: ou o filme exagera demais para emplacar esse efeito ou, então, fica absolutamente aquém e acaba não convencendo. Raramente encontra o caminho do meio.
Shazam! Fúria dos Deuses, enquanto isso, encontra justamente esse caminho do meio dentro do cenário da DC nos cinemas. Primeiramente, em termos de universo compartilhado: os elementos estão lá, mas não há um exagero para que personagens sejam usados à toa. Há uma participação especial, mas ela consegue ser funcional e divertida em iguais medidas. Bem diferente do que foi visto em Adão Negro, quando The Rock forçou a participação do Superman, mesmo com o futuro do personagem incerto.
Além disso, vale dizer, o elenco todo está muito confortável e nem mesmo o excesso de piadinhas incomoda. Faz sentido dentro da proposta de colocar crianças como super-heróis. A Warner Bros. Discovery só precisa ficar atenta ao tom do filme a partir de agora: Asher Angel, o Shazam antes da transformação, já está com cara de homem. Logo mais vai ficar difícil engolir que o rapaz tem atitudes tão imaturas como super-herói. Vai ter que mudar.
Duas propostas
Outro caminho do meio trilhado por Shazam! Fúria dos Deuses está na união dos dois momentos da DC. O filme parece ser um elo perfeito do que existia antes no estúdio com o que haverá a partir de agora, antecedendo o importante e divisível The Flash, que deve ser lançado em junho. O novo longa, afinal, traz personagens desse outro momento da DC, mas já com uma cara mais jovial e descontraída – que é uma das marcas de Gunn, responsável por títulos como O Esquadrão Suicida e O Pacificador.
Com isso, ao contrário do esperado, Shazam! Fúria dos Deuses não é um filme natimorto, dentro de um universo sem futuro. Pelo contrário: como James Gunn disse recentemente, no seu perfil no Twitter, pode ser a base do novo. “Uma de nossas estratégias é pegar nossos personagens ‘de diamante’ e usar isso para ajudar a sustentar outros que as pessoas não conhecem. Como o que aconteceu de alguma forma com Guardiões da Galáxia“, diz Gunn, reafirmando como Shazam ainda resiste. “Não há razão para que qualquer um dos personagens ou atores que os interpretem não faça parte do DCU. Não há nada que proíba isso de acontecer.”
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