Quarta-feira, 27 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 18 de julho de 2022
Os sintomas após contrair a covid podem persistir, o que está sendo chamado pelos especialistas de “covid longa”. Segundo a médica infectologista Márcia Hueb, esses sintomas devem ser monitorados caso o paciente já tenha se curado e continua com as sequelas por mais de dois ou três meses.
A “covid longa” é quando há a persistência de alguns sintomas da doença após ter o vírus ativo. Os sintomas mais recorrentes são:
— Fraqueza
— Fadiga
— Dificuldade para respirar
— Alterações no sono
— Alteração na memória
— Perda de paladar persistente
A infectologista explicou que fraqueza e dificuldade para exercitar as tarefas diárias já pode caracterizar um quadro de “covid longa” e que a melhor opção é investigar o problema.
“O checkup, fazer uma investigação ampla, se aplica em algumas situações, mas é melhor dirigir para o que está acontecendo. Então se tive covid e não fiquei com sintomas, posso viver a minha vida normalmente. Agora, se já passou dois, três meses e acho que não estou na normalidade, é melhor passar por uma avaliação médica. O profissional que vai determinar quais os exames necessários”, disse.
Márcia Hueb disse ainda que estudos realizados por pesquisadores da University College London, da Inglaterra acompanham pacientes que contraíram a doença e estão com a “covid longa”. A médica contou que a condição não depende do grau de covid que o paciente teve.
“Não importa como você teve covid, se foi leve, moderada ou grave, você pode ter ‘covid longa’. Também não importa a idade. Em jovens é menos comuns, mas os adultos mais jovens ou mais velhos podem ter a ‘covid longa’”, disse.
Ainda não existe um teste específico para detectar. O que os médicos da Inglaterra estão fazendo é recomendar exames para verificar a existência de outras doenças como, por exemplo, a diabetes e a disfunção da glândula tireoide.
Quando esses exames dão negativo, o paciente que já teve o coronavírus há mais de três meses, é um provável caso de covid longa.
Sangue
Em um estudo publicado no Journal of Proteome Research, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) identificaram algumas alterações no sangue de pessoas que já tiveram covid e podem estar relacionadas ao risco de doença grave.
Ao monitorar a quantidade de seis substâncias produzidas por diferentes vias do metabolismo, os cientistas verificaram que é possível ter um prognóstico sobre qual será a gravidade da infecção.
“Assim, quando o paciente procurar ajuda, o médico poderá prever por meio de um exame clínico se ele vai precisar de internação e agir rapidamente para evitar a evolução da doença”, disse Daniel Cardoso, coordenador do estudo, explicando que ao infectar a célula, o coronavírus altera o metabolismo e usa as vias energéticas para se replicar.
“A partir disso, ocorrem variações na quantidade daquelas seis substâncias, sendo que algumas têm sua concentração reduzida e outras aumentada. O grau de desequilíbrio na concentração permite prever se as condições clínicas do paciente serão agravadas”.
Durante a pesquisa, foram analisados o plasma sanguíneo de 110 pacientes com sintomas gripais que deram entrada no Hospital da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), em 2020. Dentre eles, 57 não estavam infectados e 53 testaram positivo para a covid.
Entre os doentes, 10 tiveram complicações de saúde e foram internados na UTI, enquanto 2 morreram. “O que vimos em pacientes que evoluíram para casos graves é que havia uma alteração mais acentuada na concentração desses compostos quando eles procuraram atendimento médico”, conta Banny Correia, pós-doutoranda do IQSC-USP e uma das autoras do artigo.
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