Segunda-feira, 25 de Novembro de 2024

Home Saúde Só os Estados Unidos fazem mais procedimentos estéticos do que o Brasil, que chegou a 3,3 milhões

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O Brasil vem se destacando como destino no chamado “turismo médico”, quando um paciente sai de seu país para fazer exame, consulta ou cirurgia em outro. A especialidade mais procurada é cirurgia plástica. “O Brasil é o eterno lar doce lar do mais famoso cirurgião plástico do planeta”, explica Josef Woodman, fundador e CEO da Patients Beyond Borders.

Apelidado pela revista alemã Der Spiegel de “Michelangelo do bisturi”, Ivo Pitanguy (1923-2016) operou, entre outros famosos, o piloto austríaco Niki Lauda (1949-2019) e as atrizes italianas Gina Lollobrigida (1927-2023) e Sophia Loren. “Nossos médicos são os mais qualificados e nossos hospitais, os mais seguros e confiáveis”, orgulha-se Volney Pitombo, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).

Atualmente, só os EUA fazem mais procedimentos estéticos do que o Brasil: 6,1 milhões contra 3,3 milhões. Tais procedimentos costumam ser divididos entre cirúrgicos (2,1 milhões) e não cirúrgicos (1,1 milhão). No primeiro grupo, o mais procurado é a lipoaspiração – a técnica é usada para retirar o excesso de gordura de uma determinada parte do corpo do paciente –, que responde por 14% dos procedimentos. No segundo, a toxina botulínica, o popular “botox”, substância que previne o aparecimento de rugas, por 47,7% dos casos.

Dos 3,3 milhões de procedimentos realizados no Brasil, 14,2% deles, ou seja, 480 mil, são em pacientes de outros países. No caso, as nações que mais procuram o Brasil para fazer cirurgia plástica, de natureza estética ou reconstrutiva, são Argentina, EUA e França. Os dados são da International Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS).

Especialidades

A cirurgia plástica não é a única especialidade procurada por estrangeiros. Há pelo menos mais oito, lista Woodman: cardiologia, odontologia, neurologia, oncologia e ortopedia e, ainda, as cirurgias bariátricas, cardíaca e da coluna.

De acordo com dados da Medical Tourism Association (MTA, na sigla em inglês), o turismo médico é uma indústria que movimenta US$ 100 bilhões e cresce de 15% a 25% por ano. “O Brasil é hoje um dos destinos mais procurados da América Latina”, afirma Jonathan Edelheit, CEO da associação.

No ranking latino-americano, ocupamos o quinto lugar. Com um índice de 64.35, estamos à frente de Panamá (62.77), Jamaica (60.74), México (59.47) e Guatemala (55.04) e atrás de Costa Rica (71.73), República Dominicana (66.32), Argentina (66.26) e Colômbia (64.95). No ranking global, caímos para o 28.º lugar. O MTA leva em consideração atratividade, segurança e qualidade.

Entre os países que mais procuram atendimento, Felipe Moura Kaneno, gerente de Relações Internacionais e Corporativas, cita Uruguai, Paraguai e Bolívia e, entre os procedimentos mais requisitados, destaca os tratamentos oncológicos e cardiológicos. “Há pacientes oncológicos que, durante seu tratamento, viajam mais de 20 vezes para São Paulo”, acrescenta Kaneno. Enquanto uns fazem questão de ouvir uma segunda opinião médica, outros não abrem mão de se submeter a cirurgias robóticas, técnica ainda pouco difundida na América Latina.

Rede

Se nossos médicos estão entre os mais qualificados do mundo, nossos hospitais estão entre os mais seguros e confiáveis. “De todos os latino-americanos, o Brasil é o país que tem o maior número de hospitais credenciados pela Joint Commission International (JCI)”, afirma Josef Woodman, referindo-se à líder global em certificação de instituições de saúde.

No Brasil, algumas dessas instituições são o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, o Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, e Hospital Sírio-Libanês, com unidades em São Paulo e em Brasília. Só no primeiro semestre de 2024, o hospital gaúcho registrou um aumento de 134% na procura por estrangeiros em relação ao mesmo período de 2023.

Fenômeno parecido ocorre no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo. “Há casos de pacientes com um bom sistema público de saúde, como os ingleses e os canadenses, mas os prazos são longos e o paciente não quer esperar”, diz Douglas Felipe, gerente de Inteligência de Dados e Negócios da instituição.

O Hospital Israelita Albert Einstein também tem direcionado atenção ao atendimento de pacientes internacionais. Nos últimos 5 anos, a organização identificou um aumento médio de 35% no volume de pacientes estrangeiros, sobretudo nas áreas de oncologia, cardiologia e neurologia; exames de check-up; e segunda opinião em diversas especialidades.

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