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Por Redação Rádio Pampa | 30 de janeiro de 2022
O governo da Suécia anunciou ter dado o aval para a construção de uma instalação de armazenamento final de combustível nuclear radioativo. Cerca de 12 mil toneladas de resíduos nucleares serão armazenadas em 500 metros de profundidade no sul do país. A medida visa manter o combustível nuclear do país seguro pelos próximos 100 mil anos.
O que fazer com o lixo nuclear tem sido um dos grandes desafios desde que as primeiras usinas termonucleares do mundo entraram em operação, nas décadas de 1950 e 1960. A Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) estima que haja cerca de 370 mil toneladas de combustível nuclear irradiado altamente radioativo em armazenamento temporário, em todo o mundo.
“Nossa geração deve assumir a responsabilidade pelo lixo nuclear. Este é o resultado de 40 anos de pesquisa e será seguro por 100 mil anos”, disse a ministra sueca do Meio Ambiente, Annika Strandhäll. “A Suécia e a Finlândia são os primeiros países do mundo a assumir a responsabilidade pelo lixo nuclear.”
A tecnologia desenvolvida na Suécia é também empregada no depósito de combustível nuclear usado de Onkalo, que está sendo construído em Eurajoki, na Finlândia. O local deve receber as primeiras remessas de teste em 2023 e estar operacional em 2025.
Abastecimento elétrico e empregos
“Esta é a solução para o armazenamento final do combustível nuclear usado. Assim garantimos que podemos usar nossa atual energia nuclear como parte da transição para nos tornarmos a primeira nação desenvolvida livre de [combustíveis] fósseis do mundo”, afirmou Strandhäll.
Ela acrescentou que o projeto de armazenamento do lixo atômico garante o abastecimento elétrico a longo prazo e mantém empregos no país. O projeto ainda necessita do aval do Tribunal Ambiental sueco.
As usinas nucleares da Suécia produziram cerca de 8 mil toneladas de resíduos altamente radioativos – incluindo combustível irradiado – desde que começaram a operar, na década de 1970.
O plano é enterrar os resíduos – e o combustível que os reatores usarão até o desligamento completo, agendado para algum momento da década de 2040 – a 500 metros de profundidade no leito rochoso cristalino perto da usina nuclear de Forsmark, localizada a cerca de 130 quilômetros ao norte de Estocolmo.
Além disso, se planeja construir uma instalação em Oskarshamm, também no sul da Suécia, onde serão fabricados os recipientes de cobre para acondicionamento dos resíduos radioativos.
Depois de cerca de 70 anos, quando os túneis estiverem cheios, eles serão enchidos com argila bentonítica para impedir a entrada de água, e a instalação será completamente selada.
A medida adotada pelo governo sueco acompanha um interesse renovado na energia nuclear, vista por muitos países como um estágio de transição essencial para acabar com a dependência de combustíveis fósseis e abrir caminho para a eletrificação da sociedade por meios sustentáveis. A União Europeia (UE) inclusive planeja classificar algumas novas usinas atômicas como “verdes”.
Os suecos votaram em 1980 pela eliminação da energia nuclear do país, mas a postura política sofreu mudanças recentes. Os principais partidos da Suécia fizeram um acordo sobre a energia nuclear em 2016, no qual concordaram que seis reatores existentes poderiam continuar a operar e que até dez novos poderiam ser construídos.
No entanto, o custo de novas usinas é amplamente visto como um contrassenso do ponto de vista econômico, a menos que um governo futuro conceda subsídios generosos.
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