Quarta-feira, 05 de Fevereiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 5 de novembro de 2023
A indústria de suplementos dietéticos explodiu no mundo todo. Nos Estados Unidos, por exemplo, passou de cerca de 4 mil produtos para mais de 95 mil nos últimos 30 anos, de acordo com a Food and Drug Administration (FDA, equivalente nos EUA à Anvisa no Brasil). Essas cápsulas, pós e gomas são frequentemente rotuladas com grandes — embora vagas — afirmações como “apoia a saúde imunológica” ou “melhora o desempenho do cérebro”. Mas a maioria dos suplementos não foi rigorosamente testada quanto à segurança ou eficácia, de acordo com JoAnn Manson, professora na Escola de Medicina de Harvard.
Quando os pesquisadores testaram os suplementos, normalmente não encontraram os benefícios para a saúde que esperavam e, por vezes, até encontraram alguns riscos. No entanto, ainda há alguns casos em que tomar um suplemento pode melhorar a sua saúde. Aqui estão alguns dos principais:
– Para tratar ou prevenir uma deficiência nutricional: Se um exame de sangue revelar que seu corpo está com baixo teor de uma determinada vitamina ou mineral, como vitamina D ou ferro, os suplementos podem ser “essenciais” para corrigir essa deficiência, segundo Pieter Cohen, clínico geral da Cambridge Health Alliance em Somerville, Massachusetts.
Pessoas que seguem uma dieta vegana ou têm uma doença chamada anemia perniciosa correm maior risco de deficiência de vitamina B12 e podem se beneficiar ao tomar um suplemento. E os bebês amamentados devem receber suplementos de vitamina D e ferro, de acordo com a Academia Americana de Pediatria.
Se você tiver dificuldades para absorver os nutrientes dos alimentos, o que pode acontecer após uma cirurgia bariátrica ou se tiver uma condição médica como doença celíaca, doença de Crohn ou colite ulcerativa, um suplemento também pode ser recomendado.
– Se você está ou pode ficar grávida: É importante tomar 0,4 a 0,8 miligramas de ácido fólico por dia se você puder engravidar e durante os primeiros meses de gravidez para prevenir defeitos congênitos graves, como afirma John Wong, professor de medicina na Escola de Medicina da Universidade Tufts.
A maioria dos multivitamínicos pré-natais, que devem ser tomados durante toda a gravidez, contém esta quantidade, e também fornecem outros nutrientes essenciais, como ferro, cálcio e vitamina D.
– Se você está na meia-idade ou na velhice: A maioria dos adultos mais velhos geralmente obtém nutrição suficiente com a alimentação. Mas à medida que envelhece, as suas necessidades de alguns nutrientes aumentam, enquanto a sua capacidade de absorvê-los e o seu apetite podem diminuir, pelo que o seu médico pode recomendar um suplemento. Os adultos mais velhos podem ter dificuldade em absorver a vitamina B12, por exemplo. E você pode precisar de um suplemento de cálcio e vitamina D se estiver em risco de perda óssea, diz Manson.
Há indícios de pesquisas de que alguns outros suplementos podem ajudar a prevenir certos problemas de saúde. Em um estudo de 2019 com adultos com 50 anos ou mais, JoAnn Manson e seus colegas descobriram que para os participantes que raramente ou nunca comeram peixe gorduroso, aqueles que tomaram um suplemento de ácido graxo ômega-3 tiveram menos eventos cardiovasculares, como ataques cardíacos ou derrames, do que aqueles que tomaram um placebo. Aqueles que tomaram vitamina D também tiveram menos probabilidade de desenvolver doenças autoimunes, como artrite reumatóide e psoríase.
Vários ensaios recentes também descobriram que as multivitaminas podem melhorar a memória e retardar o declínio cognitivo em adultos mais velhos, embora sejam necessárias mais pesquisas. E há algumas evidências de que tomar um suplemento que contém vitaminas C e E, zinco, cobre, luteína e zeaxantina (chamado suplemento Areds) pode retardar a perda de visão para pessoas com degeneração macular relacionada à idade.
Tenha cuidado
Só porque um suplemento contém um nutriente ou outro composto natural não o torna seguro, especialmente se tiver quantidades muito maiores do que as encontradas nos alimentos, recomenda Manson. E, em alguns casos, podem até ser prejudiciais.
Na década de 1990, por exemplo, os investigadores esperavam que suplementos antioxidantes como o betacaroteno e a vitamina E prevenissem o câncer ou doenças cardíacas. Mas quando testados em grandes ensaios, descobriram que o pigmento aumentava o risco de câncer do pulmão em algumas pessoas e a vitamina E aumentava os acidentes vasculares cerebrais hemorrágicos nos homens, como lembra Wong e Manson.
Mahtab Jafari, professor de ciências farmacêuticas da Universidade da Califórnia, ressalta que pouco se sabe sobre os riscos, benefícios ou a dosagem correta de muitos suplementos. E o que está listado na embalagem também pode ser diferente do que está dentro do produto, acrescenta Cohen. Por exemplo, descobriu-se que muitos suplementos esportivos e para perda de peso estão contaminados com medicamentos ou produtos químicos não listados.
No Ar: Pampa Na Madrugada